6 coisas que você não sabia sobre a Invasão Corintiana ao Maracanã

Corinthians entra em campo para enfrentar o Fluminense, em 1976.
Corinthians entra em campo para enfrentar o Fluminense, em 1976. / Gazeta Press
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Há 45 anos, um episódio de pura catarse e magia entrou para a história do Corinthians como a maior prova de devoção a um dos clubes mais populares do Brasil. Quase 100.000 corintianos desembarcaram no Rio de Janeiro para acompanhar a semifinal do Campeonato Brasileiro contra o Fluminense. A proliferação de torcedores paulistas em solo carioca ficou conhecida como a Invasão Corintiana.

Para relembrar o maior deslocamento em massa já motivado pelo futebol, o livro O Diário da Invasão, escrito por Ricardo Garrido e lançado nesta semana como parte da coleção Timão Box, traz detalhes de bastidores que dão a exata dimensão do que aquele jogo significava para a torcida alvinegra.

Com base em trechos da publicação, o 90min lista seis fatos curiosos que você provavelmente não sabia a respeito da Invasão Corintiana:

1. O invasor peregrino

Na manhã de 5 de dezembro de 1976, calcula-se que mais de 90.000 torcedores provenientes de São Paulo chegaram ao Rio, divididos entre 17.000 passageiros de avião; 51.000 no comboio de ônibus fretados por torcidas organizadas, agências de turismo e empresas de linha; 25.000 em carros particulares; 500 de trem ou motos; alguns ciclistas e ao menos um peregrino. Reinaldo Ribeiro, de 27 anos, saiu a pé do Parque São Jorge até pegar carona em Barra Mansa e completar a viagem. Obviamente, nem todos os viajantes conseguiram ingressos. Estima-se que, em meio ao público de 146.000 pagantes, havia cerca de 75.000 corintianos.

2. Mais bandeiras que camisas

Como recorda Claudio Simões, co-fundador da Gaviões da Fiel e organizador da caravana da organizada, as praias da zona Sul do Rio foram tomadas por bandeiras alvinegras. Na década de 70, não era tão comum vestir camisetas de times como atualmente. “Se usava muita bandeira e pouca camisa na época. Parecia que cada pessoa tinha levado uma bandeira consigo”, conta Simões no livro.

Livro Diario da Invasao Corintiana Corinthians
Livro 'O Diário da Invasão' / Divulgação

3. Prova de fogo

Imagina se hoje em dia resolvem realizar uma prova do Enem horas antes de um jogo decisivo no Maracanã? Pois algo parecido ocorreu naquele 5 de dezembro, quando a tradicional seletiva do Colégio Naval, um dos mais concorridos do país, reuniu 7.000 estudantes nas arquibancadas do estádio. Pobres candidatos, que tiveram de fazer o teste incomodados pelo barulho ensurdecedor de torcedores ansiosos para adentrar o recinto. Segundo relatos colhidos pela publicação, os corintianos começaram a tomar os arredores do Maraca pelo menos cinco horas antes do jogo, em atitude que surpreendeu organizadores da partida – e do concurso do colégio.

4. Negociação com a polícia

Já dentro do estádio, os corintianos consumiram todo o estoque dos bares em apenas uma hora. Foram vendidos 5.000 sanduíches, 36.000 refrigerantes e 72.000 garrafas de cerveja. De acordo com Simões, a torcida do time visitante aproveitou a chegada antecipada e se acomodou em parte das arquibancadas reservada para os tricolores. A negociação por mais espaço foi tensa, levada a cabo na marra. Ao fim, os corintianos conseguiram dividir o estádio à metade. “Por meio de rojões, fizemos a polícia levar a corda de divisão até o meio do estádio”, relata o fundador da Gaviões. “Comemoramos feito um gol.”

5. Pegadinha do Faustão

Ainda no vestiário, jogadores do Corinthians subiam à boca do túnel para espiar a movimentação enlouquecedora da torcida. Numa dessas, o zagueiro Moisés foi abordado pelo repórter Fausto Silva – sim, ele mesmo! O Faustão começou no jornalismo esportivo – com uma pergunta capciosa. “Moisés, a torcida em São Paulo quer saber: você vai pisar na cabeça do Rivellino ou do Doval?”. O zagueiro não escorregou na casca de banana do repórter e saiu-se com bom humor: “O que tiver a cabeça maior”.

6. Discurso épico na subida ao gramado

Na hora que o Corinthians entrou em campo, às 17h05, o locutor Osmar Santos proferiu uma saudação emocionante em meio ao foguetório. O discurso, que durou exatos dois minutos, jamais foi esquecido pelo torcedor corintiano que acompanhava a partida pelo rádio. “O Maracanã virou um jardim do meu povão. Fiel, Fiel, sempre Fiel ao lado do Corinthians, em qualquer lugar e qualquer circunstância”, bradou o narrador.


O duelo entre Fluminense e Corinthians terminou empatado em 1 a 1, com vitória dos visitantes nos pênaltis. Um dos episódios mais emblemáticos da história corintiana. Para conferir mais detalhes e curiosidades que permearam a partida, O Diário da Invasão já está disponível no Timão Box.