Pontos positivos e negativos na vitória da Seleção Brasileira Feminina contra o Equador

Após longos oito meses de inatividade - sua última exibição oficial havia sido no mês de março, no Torneio Internacional da França -, a Seleção Brasileira Feminina voltou a campo e mostrou que será, sim, uma das forças a ser monitorada na temporada 2021, quando teremos a disputa os Jogos Olímpicos do Japão.

Para além da expressiva goleada por 6 a 0, a postura em campo e as variações de jogo mostradas pela equipe de Pia animam. A evolução coletiva é evidente, e com isso, novas individualidades vêm crescendo e assumindo protagonismo na Canarinho.

O saldo do amistoso foi bem mais positivo do que negativo, e é sobre isso que falaremos a seguir: o que deu certo e o que pode melhorar na Seleção Feminina com base nesta atuação:

Pontos positivos

Bola área ofensiva
A Seleção Brasileira dominou inteiramente o Equador no jogo aéreo, levando perigo em praticamente todos os cruzamentos na área. Além de boas jogadas ensaiadas, a atenção na sobra e a presença de área/cabeceio das zagueiras brasileiras melhorou demais.

Marcação alta rendendo frutos
Outra coisa que funcionou bem foi o chamado 'perde-pressiona': sempre que perdia a posse da bola, a equipe verde e amarela subia a marcação e recuperava logo em seguida. Muitos foram os desarmes aplicados ainda no campo ofensivo, gerando chances agudas em profusão.

Banco de reservas/estreantes
Saber que a Seleção Brasileira tem um bom grupo, e não apenas um bom XI titular, é reconfortante. E o segundo tempo do duelo contra o Equador reforça isso: cinco gols foram anotados na segunda etapa, quando Pia já havia promovido inúmeras alterações. Em que pese o cansaço do time rival, é preciso destacar como as suplentes brasileiras entraram 'pilhadas' e fornecendo muitas alternativas ao sistema ofensivo: destaque para Andressinha e para as estreantes Nycole, Duda e Valéria.

Debinha
Não dá para não destacar, individualmente, a camisa 9 da Seleção nesse amistoso. Estamos falando possivelmente da jogadora que mais cresceu em desempenho desde a mudança da comissão técnica brasileira. Já são 10 gols anotados por ela nesta 'era Pia', incluindo um hat-trick na noite de ontem. Além do oportunismo e da qualidade no posicionamento e nas finalizações, puxa a marcação e traz muita movimentação ao ataque verde e amarelo. Olho nela!

Pontos a melhorar

Pode parecer preciosismo citar 'pontos negativos' em uma goleada por 6 a 0 mas, no futebol, é importantíssimo não entrar em uma zona de conforto. E Pia Sundhage sabe disso.

Número alto de passes errados
Uma equipe que propõe jogo e que fica com 70% do tempo de posse tende a errar passes, e isso é natural. O que chamou atenção, especialmente na primeira etapa, foram os erros 'não-forçados', usando uma expressão do tênis. Foram muitos os desperdícios de posse em toques curtos no meio, consertados com o eficiente perde-pressiona da equipe.

Lentidão na saída
Outro fator que não funcionou bem - mencionado até mesmo por Pia em entrevista pós-jogo -, foi a dificuldade em sair em transição com velocidade. Luana e Formiga estiveram abaixo neste quesito neste duelo, apesar de serem duas volantes excepcionais. No segundo tempo, as mudanças feitas pela comissão técnica melhoraram esse fundamento.

Participação tímida das laterais
Fechamos essa curta lista com um fator que não é um problema em si, afinal, quando se tem um corpo de meio-campistas e atacantes tão criativas, a tendência é que o jogo ofensivo se concentre nelas. Contudo, o grupo de laterais da Seleção é bem forte no apoio - principalmente Tamires -, o que nos faz querer ver um pouco mais delas na frente.

Brasil e Equador voltam a se enfrentar em um segundo amistoso preparatório, programado para a próxima terça-feira, dia 1º de dezembro, no Morumbi (SP).