Parado no tempo e nas ideias, Fluminense abraçou a mediocridade do meio de tabela
Por Nathália Almeida
Desde que Odair Hellmann deixou o comando do Fluminense rumo ao Mundo Árabe, a equipe carioca se desintegrou nas atuações e nos resultados: apenas um ponto conquistado em nove possíveis. O péssimo retrospecto nesta reta final de 2020 coloca muito em risco o principal objetivo traçado pelo clube após as eliminações precoces na Copa do Brasil e na Sul-Americana: a vaga na Libertadores via Brasileirão.
A perda de um técnico com a temporada em andamento sempre é um duro golpe, especialmente quando o trabalho é bem aceito nos vestiários. Ainda que questionado por uma ala da torcida por suas ideias de jogo mais convencionais, Odair contava com o respaldo do elenco e tinha uma ideia de futebol bem clara e desenvolvida. Sua saída repentina desestabilizou o padrão que havia sido criado nas Laranjeiras, e a escolha de seu substituto por parte da alta cúpula tricolor não ajudou em nada para que o Tricolor se mantivesse competitivo: Marcão, apesar de ídolo por sua história como jogador, ainda não completou sua formação e não tem sua própria 'identidade' de comando, e por isso vem tentando (sem sucesso) reproduzir modelos anteriores.
A falta de arrojo e a busca pela solução mais cômoda diante de um imprevisto escancaram como o Fluminense se acostumou com a mediocridade: são sete anos sem disputar uma edição de Copa Libertadores e oito anos sem conquistar títulos de peso. A falta de resultados expressivos e as dívidas acumuladas não condizem com um clube tão bem sucedido em seu trabalho de base, capaz de revelar uma nova 'geração de ouro' ano após ano. Má administração de talentos e gestões nada profissionais - mais preocupadas em atuar em benefício próprio e de seus pares -, explicam o buraco em que o Tricolor Carioca se enfiou. E o torcedor sofre, saudoso dos tempos em que o seu clube era protagonista e não se conformava em apenas fazer jogos 'parelhos'.