Opinião: Diga-me com quem andas

Felipe Melo foi contratado pelo Fluminense em dezembro de 2021
Felipe Melo foi contratado pelo Fluminense em dezembro de 2021 / Alexandre Schneider/GettyImages
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Não vim falar de eleições. Esse texto é somente para a torcida do Fluminense, então, já sabe, se você não é Tricolor, trate logo de… caçar outra coisa para ler. 

Não vou me alongar. Me parece simples. Estamos caminhando para uma classificação honrosa para a Libertadores do ano que vem, idealmente direto para grupos. Seria (será) uma consagração justa de um excelente trabalho do Fernando Diniz e comissão e de um time que batalha e joga com a bola o tempo todo, contra quem for. 

Ainda não podemos pensar (só) no ano que vem, porque ficar entre os 4 é consideravelmente melhor do que entre os 6, vide a nossa própria experiência esse ano (sem botar pano quente na ridícula atuação dos comandados de Abel no Paraguai, naquele jogo vergonhoso). Além disso, ainda não estamos matematicamente nem entre os 6, ou seja, o pé tem que estar até o talo no acelerador. 

Mas não consigo não pensar no futuro. E não consigo ver um futuro com Felipe Melo. Simples assim.

Meu problema não é nem tanto com o futebol dele, que, hoje em dia, é muito (mas muito) aquém do que precisamos. Tecnicamente falando, ele até poderia ser um bom zagueiro reserva, já que não deixa muito devendo pro David Duarte, por exemplo, se não fosse o seu emocional. 

O problema é o impacto que ele causa no coletivo. No início, eu também achava que o Ruf Ruf da galera mais ajudava que atrapalhava. Gostava de vê-lo entrar faltando uns 5-10 minutos só pra bagunçar a cabeça do rival. No Carioca, aos trancos e barrancos, deu certo (mas não por conta dele, lógico). 

Mas agora ele está jogando cada vez mais tempo. Começou com as constantes entradas aos 25 do 2o tempo, nos fazendo correr riscos desnecessários no final de jogos (como contra o Santos fora). Depois foi aumentando, e eis que ele virou o 12o jogador do time, na zaga ou na volância.

E isso é um perigo. 

Da mesma forma que o (renovado) Ganso elevou tremendamente o futebol do André, do Martinelli, do Árias, até do Samuel Xavier, a maluquice destemperada do Felipe Melo deixa o time inteiro com os nervos à flor da pele. 

Eu entendo ele. Deve ser muito difícil envelhecer em meio a uma molecada tão talentosa e rápida. Se na pelada eu mesmo não dei conta, imagina no futebol profissional. 

Mas, hoje, ele é um perigo pra gente. Não tem nada a ver com o gol contra de outro dia, juro. 

Felipe Melo, David Luiz, Fluminense, Flamengo
Felipe Melo, do Fluminense, em ação contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro de 2022 / Buda Mendes/GettyImages

Tem a ver com os carrinhos criminosos, muitos deles tratados a cartão amarelo na vista grossa da péssima arbitragem brasileira. Se em 2010, ele já cometeu a temeridade de ser expulso na Copa do Mundo, nos prejudicando violentamente, imagina agora, 12 anos mais lento, mais atrasado, mais nervoso?! 

Tem a ver com a reclamação durante 90 minutos. O que o Ganso acalma o time (olha eu aqui defendendo o Ganso!), o Felipe Melo deixa todo mundo nervoso. Uma coisa é pilhar, outra coisa é passar o jogo inteiro reclamando do juiz - de qualquer juiz. 

Tem a ver com as faltas desnecessárias por atraso ou excesso de “vontade”. Todas elas perigosas por serem na entrada da área, onde ele joga. No último jogo fez uma no Hulk, absolutamente desnecessária. 

De nervoso, já basta o Diniz. Ou, se é pra ter alguém nervoso, que seja alguém que esteja jogando demais, voando baixo, antecipando todas, dominando o seu espaço, para aí sim ter o direito de jogar nervoso. Esse sim pode gritar, gesticular, dar esporro à vontade. Quem tá sempre mal em campo, não. 

Se não for assim, melhor que fique nervoso no banco ou na arquibancada, onde não bota a gente em perigo. Felipe Melo é uma temeridade. É o novo Diguinho. E eu não posso permitir que a gente descubra isso da pior forma possível.

Ele é um gênio do marketing, carismático até dizer chega, canta o hino, compra briga, achou foto quando criança com a camisa do Fluminense, deve até ser boa gente. Mas só chegou lá em Laranjeiras outro dia. Não temos nenhuma obrigação com ele.  Não precisamos mantê-lo no elenco da Libertadores do ano que vem, a não ser que seja como “consultor”, ou segurança, sem nem levar as chuteiras na mala. Fora isso, o risco não vale. 

Banco nele já e, mais importante, vamos começar a preparar aquela festa de despedida (talvez até de aposentadoria) no final do ano. Com direito a ingresso vitalício no Maracanã para passar nervoso à vontade junto com a gente.

 Saudações Tricolores.

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