Mercado de outubro: por que o Grêmio chega a esta altura do ano correndo atrás de peças para seu time titular?
Por Fabio Utz
Como lutar por títulos sem ter um grupo completo? Pois é... em pleno mês de outubro o Grêmio está no mercado correndo atrás de peças que, na teoria, chegarão à Arena para serem titulares. E isso, ao que tudo indica, é reflexo de um planejamento mal feito para encarar a temporada desde o mês de janeiro, independentemente da pandemia de coronavírus que assolou o planeta e atrapalhou, por consequência, a rotina dos gaúchos.
Vejamos. O Tricolor, como é dito pelo presidente Romildo Bolzan Júnior, busca ao menos três nomes: um volante, um armador e um fazedor de gols. Comecemos esta análise por esta última peça, possivelmente a mais cobiçada. A equipe iniciou 2020 tendo um único centroavante de ofício no plantel, André, que estava fora dos planos e, portanto, jamais foi utilizado. Assim, apostou suas fichas em Diego Souza, meia de origem e já veterano, para a solução de seus problemas. Embora tenha um rendimento satisfatório, nem de perto é o "9" dos sonhos do clube, que ainda via em Luciano (que nunca foi homem de referência na carreira), atualmente no São Paulo, como alternativa importante - um claro erro de avaliação, tanto é que não demorou a abrir mão deste peça para contratar Everton.
Sobre o tal camisa 10, o erro foi ainda maior. Renato Portaluppi sempre deu claros sinais de não confiar plenamente em Jean Pyerre, e a direção se rendeu aos caprichos do treinador indo atrás daquela opção "fácil", sem investir um centavo sequer para achar uma verdadeira solução para os problemas do time. Thiago Neves chegou à Arena prestigiado, mas saiu logo em seguida pela porta dos fundos. Um contrato mal feito deixou os cofres um pouco mais vazios e o elenco com um vazio importante - afinal, JP raramente consegue uma sequência em função de problemas físicos - também foi infectado pela Covid-19 e passou por problemas junto à sua família.
Por fim, a busca por um camisa 5 de mais marcação é o reflexo de uma mudança brusca na política de futebol que poderia, muito bem, ter sido traçada também lá atrás. Ou alguém acha que o Grêmio contratou Lucas Silva (de forma acertada) para ser um mero roubador de bolas? Obviamente, não foi essa a intenção, mas o fato de Maicon continuar mais no departamento médico do que qualquer coisa (se abriu mão, por um acordo, de se fazer uma cirurgia em seu joelho e optar por condutas mais conservadoras no tratamento) faz os dirigentes correrem atrás do prejuízo. O Tricolor não planejou bem a sua temporada, e chega agora, depois de já trazer nomes como Luiz Fernando, Robinho e Everton, precisando encorpar não apenas o grupo, mas a equipe principal. E isso é um erro dos mais primários para uma instituição que pensa grande.
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