Conheça o Independiente del Valle: história, filosofia e mais sobre o finalista da Sul-Americana

Neste sábado, 1º de outubro, São Paulo e Independiente del Valle entram em campo para decidir quem leva para casa o troféu da Copa Sul-Americana. Em termos de tradição continental, a briga é desmedida. Trata-se de um quase centenário tricampeão da Libertadores contra um time que, até pouco mais de uma década atrás, era considerado modesto no cenário equatoriano.

Mas, em retrospecto recente, a disputa promete ser mais acirrada. A última conquista relevante do São Paulo - não considerando o estadual -, foi exatamente a Sul-Americana de 2012. Em paralelo ao jejum dos brasileiros, o Del Valle estava em plena ascensão. A seguir, nós te contamos um pouco da história do adversário do Tricolor Paulista.

Dos anos iniciais ao amadurecimento: um Del Valle em franca ascensão

Quando o Independiente del Valle foi fundado, no dia 1 de março de 1958, o São Paulo já tinha seus 28 anos de idade, o equivalente a um jovem rapaz que anseia - ou teme - pela chegada dos 30. Na cidade de Sangolquí, a 25km da capital Quito, Jose Terán praticamente reinventava o significado de polivalência. Ele foi fundador, presidente, capitão e jogador.

A importância do funcionário exemplar era tamanha que, em 1977, dois anos após sua morte, a agremiação passou a ser chamada de Independiente José Terán. E isso perdurou até 2014, quando a mudança oficial de nomenclatura foi anunciada pela Federação Equatoriana de Futebol. À época, a revolução já havia começado.

Em 2006, a chegada do empresário Michel Deller, dono da rede de fast food KFC no Equador e nome importante do mercado imobiliário do país, indicava novos tempos. Já em 2008, parte dos frutos plantados foram colhidos. Com foco na infraestrutura e no trabalho de base, o renovado Del Vale enfim subiu para a segunda divisão.

Dois anos mais tarde, o time disputou a elite nacional pela primeira vez em sua história. Era o primeiro passo de um jovem em direção à independência. Mas, como nada nunca é tão simples assim - especialmente no processo de maturação -, as dificuldades se fizeram presente. Em 2010, o clube flertou com o rebaixamento, ficando a apenas quatro pontos da queda.

Na temporada seguinte, a 7ª colocação veio como um alívio necessário. Em 2012, o 5º lugar garantiu uma vaga inédita nos torneios continentais da Conmebol. A equipe, porém, acabou caindo para o tradicional Universidad de Chile ainda na segunda fase da Sul-Americana de 2013. Notavelmente mais consolidado, o Del Valle terminou aquele ano na vice-liderança da liga local.

Era hora da Libertadores. No principal campeonato sul-americano, os primeiros contatos costumam reservar algumas complicações. Não foi diferente. A eliminação na fase de grupos era sintoma de um plantel que ainda não estava pronto. Três anos mais tarde, o cenário era outro. Surpreendendo até mesmo os próprios torcedores, o time esteve muito próximo de conquistar a Glória Eterna.

Apenas no mata-mata, os equatorianos eliminaram River Plate, Pumas, do México, e Boca Juniors. Na decisão, o Atlético Nacional, na Colômbia, venceu pelo placar mínimo. A primeira taça internacional veio em 2019. Na ocasião, o Del Valle também deixou nomes de peso pelo caminho para levar o caneco na Sul-Americana para casa.

Nas quartas, eliminou o Independiente de Avellaneda, heptacampeão da Libertadores. Na semifinal, passou pelo Corinthians, com direito a vitória por 2 a 0 em Itaquera. Na final, em partida única, disputada em Assunção, ganhou do Colón, da Argentina, por 3 a 1. Em dezembro de 2021, o inédito título do Campeonato Equatoriano não deixava dúvidas: a maioridade havia chegado.

As marcas de um Del Valle que não cansa de crescer

Não se deixe enganar pela rápida ascensão do Del Vale no âmbito equatoriano e internacional. A questão vai muito além de duas ou três boas temporadas. É um trabalho de longo prazo, que tem como principal cerne o cuidado com as categorias de base. Júnior Sornoza e Jaime Ayoví, dois dos pilares do atual elenco, por exemplo, passaram pelas categorias inferiores do clube.

A intensa captação de jovens rendeu ao Del Valle a média etária de 26,0, uma das menores do Campeonato Equatoriano. Além disso, dos 24 jogadores listados no plantel, oito tiveram alguma parte da formação na base do time. Entre eles destaca-se Moisés Ramírez, goleiro titular da agremiação aos 22 anos.

Tamanha qualidade, claro, chegaria aos gramados do futebol europeu. Seis equatorianos com passagens pela equipe de Sangolquí atuam no Velho Continente hoje. Veja:

• Moisés Caicedo - Brighton (Inglaterra)
• Gonzalo Plata - Valladolid (Espanha)
• Angelo Preciado - Genk (Bélgica)
• Piero Hincapié - Bayer Leverkusen (Alemanha)
• Carlos Gruezo - Augsburg (Alemanha)
• Anthony Valencia - Royal Antwerp (Bélgica)

Alguns equatorianos do Del Valle também desembarcaram no Brasil. Nem todos deixaram saudades, claro. Destaque para Bryan Cabezas, ex-Fluminense, Alan Franco, campeão da Série A com o Atlético-MG, Jefferson Orejuela- ex-Flu, e Junior Sornoza, ex-Corinthians e Flu.

Desde maio de 2022 na área técnica do clube, Martín Anselmi terá a missão de desafiar mais um brasileiro. Em 2020, o então treinador Miguel Ángel Ramírez conseguiu. No Equador, o estrelado Flamengo nem viu a cor da bola depois do 5 a 0 pela Libertadores.

No ano seguinte, foi a vez do Grêmio conhecer o alto rendimento do Independiente. Com duas vitórias por 2 a 1, o Del Valle eliminou o Imortal ainda na chamada Pré-Libertadores. Em 2022, o encontro será com o São Paulo, em Córdoba, na Argentina.