Caboclo acusa Del Nero de planejar "silêncio" de funcionária que denunciou assédio na CBF - suspensão é prorrogada

Del Nero foi banido do futebol, mas segue com poder dentro da CBF
Del Nero foi banido do futebol, mas segue com poder dentro da CBF / Buda Mendes/Getty Images
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Cada vez mais enrolado, agora Rogério Caboclo partiu para ataques a Marco Polo Del Nero. Acusado de assédio moral e sexual, o que o levou a ser afastado provisoriamente do cargo de presidente da CBF - a suspensão, inicialmente de 30 dias e que iria até 6 de junho, foi prorrogada por mais 60 -, ele disse que o ex-mandatário tentou “comprar” o silêncio da funcionária que fez a denúncia à Comissão de Ética da entidade.

Caboclo afirmou que seu antecessor e padrinho político arquitetou uma proposta de pagamento de R$ 12 milhões para que a denúncia não fosse apresentada. A acusação, através de nota enviada à imprensa nesta quinta-feira, conta, em anexo, com um bilhete que teria sido escrito por Del Nero, em que constam os cálculos. Antes, o dirigente já havia dito que todo este caso é uma armação causada por aquele que foi banido do esporte pela Fifa, mas que continua “dando as cartas” na confederação.

Del Nero, em contato com o GE, retrucou. “O desditoso Rogério Caboclo é perverso, além de seu falar temulento e andar trôpego, e por esse ego inflado, mentiroso empedernido, viaja em alucinações, achando que pode esconder seus assédios, alavancando acusações desconexas e inverídicas a outros. Aconselho-o cuidar de si e das vítimas”, disse. A denunciante do assédio afirma que uma oferta em dinheiro, feita por Caboclo, foi recusada. O acordo, segundo seus advogados, envolveria até declarações falsas à imprensa em favor do dirigente.

NOTA DE ROGÉRIO CABOCLO

O presidente da CBF, Rogério Caboclo, revela mais uma prova contundente de que Marco Polo Del Nero, ex-presidente da confederação banido do futebol, foi quem trouxe a proposta de R$ 12 milhões para evitar que uma funcionária protocolasse uma acusação no Conselho de Ética da entidade e a tornasse pública. Trata-se de uma anotação feita à mão por Del Nero apontando o valor de R$ 12,409 milhões, quantia que deveria ser paga pela CBF como uma indenização à funcionária em troca da não apresentação da acusação. Logo à frente do número 12.409 foi escrito: “corresp [correspondente] 20 anos de salário, transferindo ao valor presente a uma taxa [de correção] de 2,75 [%] anual”.

A negociação proposta por Del Nero e por seus aliados exigia inicialmente R$ 12 milhões, correspondentes ao pagamento dos vencimentos mensais até a ocasião da aposentadoria da funcionária, mediante sua imediata demissão para que essa acusação não fosse apresentada à Comissão de Ética e tornada pública.

Este documento é a prova cabal de que as acusações contra Rogério Caboclo fazem parte de um golpe orquestrado por Marco Polo Del Nero para plantar aliados no comando da CBF e, assim, voltar a dar as cartas na entidade. Neste momento, os comandados por Del Nero que ainda pertencem aos quadros da CBF preparam mudanças ilegais no estatuto da entidade para tentar impedir Rogério Caboclo de voltar ao cargo.

Em reunião marcada para sexta-feira (2/7/2021), eles ainda pretendem incluir no estatuto uma regra que permita a ampliação do prazo do afastamento do presidente da CBF para, assim, atender seus interesses particulares e momentâneos. Trata-se de um passado que não queremos de volta, marcado por múltiplos escândalos de corrupção e vários processos criminais.

As mudanças estatutárias que estão sendo orquestradas pelos meus adversários são ilegais, conforme parecer do jurista Fábio Ulhoa Coelho, professor titular de direito da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.

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