Ao 90min, Grazi fala sobre evolução da Libertadores Feminina e sinaliza futuro no Corinthians

Grazi, tricampeã da Libertadores, conversou com o 90min Brasil
Grazi, tricampeã da Libertadores, conversou com o 90min Brasil /
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Quando falamos em Libertadores Feminina, fãs e entusiastas da competição e da modalidade como um todo certamente se lembram do implacável Santos que brilhou e encantou a todos nas edições de 2009 e 2010. Outro time que também vem à mente, obviamente, é o Corinthians "moderno", dono de dois títulos continentais: 2017 e 2019, o primeiro ainda sob parceria com o Audax e o segundo já conquistado sob o modelo atual de gestão do futebol feminino alvinegro. Falamos um pouquinho sobre essa história neste outro artigo aqui.

Uma gigantesca intersecção entre estes dois esquadrões memoráveis do futebol feminino nacional é a meia-atacante Grazi, uma das grandes referências da categoria ainda em atividade em nosso país. Medalhista de prata com a Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004), campeã pan-americana e vice-campeã mundial em 2007, a experiente jogadora também conta com um belo e extenso currículo por clubes, tendo erguido a principal taça do continente, a Copa Libertadores, em três oportunidades.

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Grazi é uma referência para o futebol feminino / CRISTINA VEGA RHOR/GettyImages

Em entrevista exclusiva concedida ao 90min, Grazi falou sobre sua relação com a competição e sobre o ímpeto do elenco alvinegro em construir um desfecho bem diferente daquele que vimos na edição passada, quando o Corinthians acabou derrotado na semifinal diante do surpreendente América de Cali, equipe que sairia do torneio com o vice-campeonato após perder a decisão para a Ferroviária.

"É sempre especial disputar uma Libertadores. Quando você vence, você consegue realmente bater o carimbo e se consagrar como a melhor equipe das Américas. Então a gente tem essa vontade de continuar vencendo. É o que nós viemos fazer aqui. A gente disputou a edição de 2020 que foi esse ano de 2021, infelizmente as coisas não aconteceram conforme o jeito que a gente havia planejado, mas aquela derrota [na semifinal para o América de Cali] com certeza serviu para muita coisa, pro nosso crescimento e para a nossa evolução", afirmou.

Corinthians v América Femenino - Copa CONMEBOL Libertadores Femenina 2020
Corinthians foi surpreendido na semifinal da edição passada / Pool/GettyImages

Ainda sobre Libertadores, a meia-atacante atribuiu o salto de qualidade técnica e tática do torneio à evolução do futebol feminino como um todo nos últimos anos. Considerada por muitos como um marco na história da modalidade, a Copa do Mundo de 2019, a mais assistida de todos os tempos, foi tratada por Grazi como um "divisor de águas" para o esporte.

"Eu acho que a melhora é da modalidade em si, não só dos países sul-americanos, mas em uma forma geral. Eu acho que o 'boom' maior foi depois de 2019 realmente, com a Copa do Mundo, e tudo começou a acontecer. Acredito que os próprios clubes passaram a olhar de uma maneira diferente para a modalidade. É uma competição super difícil, "tiro curto" como a gente costuma dizer, e as equipes que realmente não chegam aqui bem preparadas não conseguem acompanhar. Então a tendência é que, a cada ano que passe, a cada edição que passa, a coisa vá crescendo", analisou.

Gabriela Zanotti
Grazi, à esquerda, chegou ao Corinthians em 2017 / Gustavo Pagano/GettyImages

A curto prazo, o foco de Grazi obviamente está nas duas competições que ainda preenchem o calendário alvinegro: a própria Libertadores Feminina e o Campeonato Paulista, no qual o Timão é finalista, tendo o São Paulo como adversário na grande decisão. Mas para o médio e longo prazo, o que está no radar da vitoriosa jogadora? Ao que tudo indica, seguir no Corinthians é o plano da camisa 7 alvinegra.

"Meu foco é terminar a temporada bem. Mas a minha pretensão realmente, e isso já está acertado com a Cris [diretora do futebol feminino] e com o Arthur [treinador], é que eu jogue a temporada de 2022 e em dezembro, ao final da temporada, eu encerre a minha carreira. Esse é o meu plano, esse é o meu desejo. Eu acho que a gente tem que começar a pensar na questão do respeito ao meu corpo, dos limites. Eu tenho limite, vou fazer 41 anos. Eu acho que vai ser o momento. Mas a princípio é isso, é jogar mais uma temporada aqui com essa camisa, fazer o máximo de jogos possíveis o ano que vem e cravar meu nome de vez na história desse clube. E aí, quem sabe, terminar com mais títulos (...) A Cris e o Arthur já têm algumas coisas na mente deles em relação à minha permanência no Corinthians depois que eu parar", revelou.

Com duas vitórias em duas rodadas, o Corinthians de Grazi lidera o seu grupo na Libertadores Feminina, já com um "pé e meio" no mata-mata continental. O próximo compromisso do Timão na fase de grupos acontece na próxima quarta-feira (10), contra o Deportivo Capiatá.