5 jogadores de futebol que revelaram ter sofrido assédio ou abuso sexual

Marcelo Marinho foi campeão brasileiro pelo Corinthians, em 2005.
Marcelo Marinho foi campeão brasileiro pelo Corinthians, em 2005. / Fernando Pilatos/Gazeta Press
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O trauma de um abuso sexual pode levar muito tempo para cicatrizar, sobretudo quando envolve vítimas que convivem no meio machista do futebol. Falar sobre o tema ainda é desconcertante para os homens, mas alguns atletas tiveram a coragem de denunciar abusadores ou revelar episódios de assédio que sofreram durante a infância.

Neste Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (18), lembramos cinco jogadores que quebraram o tabu, expuseram suas histórias e contribuíram para o enfrentamento da violência sexual no esporte.

1. Alê Montrimas

Revelado pela Portuguesa, o ex-goleiro publicou um livro após pendurar as chuteiras, em que relata ter sofrido várias vezes com o assédio sexual de técnicos, preparadores e dirigentes ao longo de sua trajetória nas categorias de base. Tinha apenas 14 anos na primeira investida. Ele se tornou palestrante e hoje instrui jovens atletas sobre os perigos do mundo da bola.

"Não cheguei a ser abusado, mas fui assediado durante 10 anos da minha carreira. Isso é tão comum que os jogadores comentam com frequência no vestiário."

Alê Montrimas

2. Andy Woodward

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Woodward, em 2016, após denunciar o ex-treinador Barry Bennell. / PAUL ELLIS/Getty Images

Em 2016, o ex-lateral detalhou, em uma entrevista ao The Guardian, os estupros em série praticados por seu ex-técnico, Barry Bennell, que acabaria condenado a mais de 30 anos de prisão por abusar de 52 atletas com menos de 13 anos. A revelação de Woodward encorajou outros jogadores a denunciar e destapou um grande escândalo de violência sexual no futebol inglês. Com uma enxurrada de processos na Justiça, centenas de vítimas colaboraram para desarticular a rede de treinadores pedófilos.

"Fui abusado pelo meu treinador por mais de seis anos. Ele tinha minha vida em suas mãos. E, principalmente, o poder de entrar na minha cabeça. Era, acima de tudo, um abuso mental."

Andy Woodward

3. Kieron Dyer

Kieron Dyer Inglaterra abuso sexual
Dyer chegou a defender a Inglaterra em uma Copa do Mundo. / Laurence Griffiths/Getty Images

O meia-atacante, que disputou a Copa do Mundo de 2002 pela Inglaterra, decidiu expor o trauma de família guardado por mais de duas décadas. Em 2018, quando já havia encerrado a carreira nos gramados, ele revelou em uma autobiografia ter sido molestado pelo tio-avô na época em que tinha apenas 11 anos. O ex-jogador descreve que, até os 16, teve de dormir na cama de sua mãe por causa do abalo emocional causado pelo abuso do parente agressor.

"Depois que consegui me afastar dele e colocar minhas calças, ele me disse: ‘Não conte nada a ninguém, este é nosso segredo’."

Kieron Dyer

4. David White

David White abuso sexual
White em ação pela seleção inglesa. / Getty Images/Getty Images

Foi a quarta vítima a revelar abusos cometidos pelo técnico Barry Bannell, o mesmo aliciador de Andy Woodward, no escândalo inglês. Com passagens por Manchester City, Leeds United e seleção inglesa, o ex-atacante contou que sofreu violência sexual do antigo treinador entre o fim dos anos 70 e o começo dos 80. O primeiro abuso ocorreu antes de ele completar 12 anos.

"Embora tenha tentado superar o que aconteceu ao longo da minha carreira no futebol, agora eu percebo que os efeitos das atitudes de Bennell foram muito mais devastadores do que imaginava."

David White

5. Marcelo Marinho

Marcelo Marinho goleiro Corinthians abuso
Marcelo falou sobre assédio na apresentação ao Corinthians. / Fernando Pilatos/Gazeta Press

Em 2005, ao ser apresentado no Corinthians, o goleiro afirmou ter sido assediado pelo preparador de goleiros quando jogava nas categorias de base do Vasco, aos 12 anos. Na época, acabou dispensado do clube carioca. Depois do desabafo, sua carreira entrou em declínio. Parou de jogar precocemente, aos 30 anos, no Penapolense.

"O assédio foi algo que me marcou, mas duvido que outros jogadores não tenham sofrido a mesma coisa. Eu cresci meio revoltado. Por isso, aprontei bastante, fiz muita besteira."

Marcelo Marinho