Opinião: Fluminense alia estratégia e coragem em grande estreia na Copa do Mundo de Clubes
- Tricolor dominou o Borussia Dortmund, mas não conseguiu balançar as redes
- Apesar do empate, torcedor do Fluminense tem muitas razões para se orgulhar
Por Nathália Almeida

Último dos representantes do futebol brasileiro a estrear na Copa do Mundo de Clubes 2025, o Fluminense fez bonito e deixou o seu torcedor orgulhoso, empatando com o Borussia Dortmund por 0x0 em jogo amplamente dominado pelo clube carioca. Apontada por muitos especialistas como a estreia mais desafiadora para equipes do nosso país na competição, o Tricolor frustrou os "secadores" e quem acreditava em goleada alemã. E o fez a partir de uma atuação muito consciente e competitiva, baseada em alguns valores que falaremos a seguir.
Escalação e estratégia de Renato Gaúcho deram muito certo
Faltando 1 hora para a bola rolar, o torcedor tricolor tomou conhecimento de qual seria o primeiro onze do clube na Copa do Mundo de Clubes, mas reagiu com insatisfação às escolhas do treinador Renato Gaúcho: a titularidade do questionado Renê, bem como o retorno de Canobbio ao time após longo tempo de inatividade, foram recebidas com preocupação pelas arquibancadas.
Contudo, com a bola rolando, a estratégia de Renato se provou muito acertada – superior a Gabriel Fuentes no aspecto defensivo do jogo, Renê ganhou a ampla maioria dos duelos contra Ryerson e Brandt, contando com a ajuda de um incansável Arias, onipresente em campo e principal válvula de escape ofensivo do Fluminense. Do outro lado do campo, Canobbio desempenhou um papel tático muito importante, agregando muita fisicalidade e intensidade nos primeiros combates, dados ainda no campo de ataque.
Por fim, a trinca de meio-campo formada por volantes de bom passe e capacidade de construção de jogo também se provou acertada. Hércules, Martinelli e Nonato tiveram bela performance na estreia do Tricolor das Laranjeiras, complementando um ao outro.
Coragem pra jogar, sem abaixar a cabeça
Apesar o maior orçamento e badalação do adversário, que chegava ao Mundial embalado por uma reta final de temporada espetacular na Bundesliga, o Fluminense não se acovardou em momento algum, muito pelo contrário. De cabeça erguida do primeiro ao último minuto, e muito consciente do que precisava fazer para incomodar os alemães, o time das Laranjeiras foi "senhor da partida" e terminou o duelo com o dobro de finalizações em relação ao Dortmund, além de ter exigido ao menos três grandes defesas do goleiro Kobel.
Em momento nenhum, a formação com três volantes no setor de meio-campo simbolizou uma postura mais defensiva do clube brasileiro: ao trocar Ganso por Nonato, o Tricolor pode ter perdido em "genialidade" e refino no penúltimo passe, mas ganhou em vitalidade e preenchimento de espaços, amassando o BVB também no aspecto físico do jogo.
Ponto de alerta: dificuldade em ser letal
A "cereja do bolo" para o Fluminense e para seu torcedor, que pode e deve estar orgulhoso do que viu de sua equipe hoje, teria sido a vitória no MetLife Stadium. Ela, no entanto, escapou por falta de refino e frieza dos atacantes tricolores na hora das finalizações. Apesar de ter cumprido bom papel nos pivôs, Everaldo deixou a desejar naquilo que é o ofício primário de um camisa 9, desperdiçando a melhor chance da partida aos 12' do segundo tempo: cara a cara com Kobel após lindo lançamento de Arias, refugou e preferiu passar para Canobbio, que acabou sendo obrigado a finalizar com o pé que não é o seu dominante (canhoto).
Em competições desse nível, é preciso ser letal. Questionado pela torcida desde o momento de sua contratação, Eve provou não estar à altura de vestir a 9 que um dia foi de Fred. Cabe a ele, e somente a ele, mudar essa impressão e transformar as críticas das arquibancadas em apoio.
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