Lyon x Botafogo: entenda a disputa e as possíveis consequências para clubes e John Textor
- Botafogo encara cenário desafiador diante de guerra entre Textor e Eagle; clube social defende o empresário
- Glorioso cobra o Lyon e exige reembolso por valores emprestados
Por Antonio Mota

Em meio às disputas do Campeonato Brasileiro e das oitavas de final da Copa do Brasil e às vésperas do início do mata-mata da Conmebol Libertadores, o Botafogo se encontra no meio de uma grande batalha extracampo entre John Textor e Eagle Football. O empresário e dono da SAF do Glorioso perdeu poderes na empresa que fundou, mesmo ainda sendo o proprietário, e, no meio do caminho, colocou o Alvinegro em uma posição delicada.
Inclusive, o tradicional time do Rio de Janeiro está envolvido no momento, entre questões na Justiça, até em um processo inesperado de revenda. A situação é complexa e pode caminhar para diversos caminhos nos próximos meses.
Textor fora da presidência do Lyon
Dono da SAF do Botafogo, John Textor ainda é o dono da Eagle Football, empresa que criou. Porém, vem perdendo poder. Recentemente, por exemplo, o norte-americano foi retirado da presidência do Lyon em uma medida para salvar o clube do rebaixamento na Ligue 1 – o Campeonato Francês. A equipe, diante de vários problemas financeiros, chegou a ter o descenso confirmado, mas conseguiu reverter a situação e continua na elite da França em 2025/26.
Um detalhe do acordo para a permanência do Lyon na Ligue 1 foi justamente o fim da relação da equipe com Textor. Aliás, a Ares, empresa que ajudou a financiar a compra do time francês, apoiou essa decisão.
Importante, John Textor pegou dinheiro emprestado para adquirir o Lyon. O empresário contou com o 'apoio' de Michele Kang, hoje presidente da equipe francesa, e a Iconic Sports e, em contrapartida, passou 40% das ações da Eagle Football. Foi aí que o Botafogo e o RWDM Brussels (ex-Molenbeek) entraram na conta, já que suas ações entraram como forma de garantia na operação.
Próximos passos e o Botafogo
John Textor não é mais quem toma decisões importantes na Eagle, mas continua sendo tanto o dono da empresa quanto do Botafogo. Contudo, diante dos imbróglios no extracampo, o empresário recebeu uma sugestão, em um movimentado arquitetado pela Ares, para recomprar as próprias ações do Glorioso que estão ligadas ao fundo de investimento.
A ideia, no entanto, gera dúvidas nas partes. Para readquirir ações do Botafogo, Textor teria que se desvincular do clube até que a revenda fosse concretizada, já que, para a Justiça, essa iniciativa é tida como conflitante. Afinal, o norte-americano é dono do Glorioso e da Eagle.
A avaliação de dirigentes do Alvinegro, porém, é que o objetivo desse movimento seria tirar Textor do poder e, em seguida, mexer no conselho para colocar um outro representante no cargo. O Botafogo (clube social) e funcionaram se articularam nos bastidores para impedir essa ação: em uma carta à Eagle, o norte-americano foi protegido.
A Eagle Football, por sua vez, não vê problemas em vender o Botafogo, mas já sinalizou que não vai fazer negócio com John Textor (enquanto esse for o dono da empresa e do Glorioso). O entendimento é que podem surgir alegações de fraude na Justiça – até por isso, a avaliação é que vender o time a outro investidor seria mais fácil. Porém, o clube social não planeja facilitar nas negociações com um terceiro.
Detalhe, o estatuto do clube prevê que qualquer mudança de SAF precisa passar pelos conselheiros do Glorioso.
Textor cria empresa nas Ilhas Cayman
No meio do imbróglio, John Textor fundou uma nova empresa (Eagle Football Group) nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal, com intenção de levar o Botafogo para lá. O empresário já se movimenta nesse sentido, mas a situação não parece próxima de um fim, mesmo diante dos sinais verdes que o norte-americano vem conquistando.
As conversas estão em andamento em todos os lados. Até a Eagle Football se aproximou do Botafogo de Futebol e Regatas para conversar sobre o futuro. Hoje, é o clube social que mantém Textor como “intocável”.
A SAF Botafogo esclarece que sempre valorizou a colaboração dentro do ecossistema da Eagle Football e mantém o desejo de que essa parceria siga existindo, em benefício de todos os clubes que compõem o grupo.
— Botafogo F.R. (@Botafogo) August 4, 2025
Infelizmente, medidas adotadas por órgãos reguladores na França… pic.twitter.com/TZv5DTals0
Cobranças do Botafogo; Glorioso emite nota
Em meio à guerra entre Textor e Eagle, o Botafogo entrou, na última quinta-feira, com uma ação na Justiça pedindo o congelamento das ações da empresa e, além disso, a permanência do empresário no clube. Em resposta, a Eagle articulou iniciativa para suspender quaisquer atos do norte-americano sem o aval de um funcionário deles.
Já neste início de semana, o Glorioso emitiu comunicado e alegou ter dinheiro a receber do Lyon pelas negociações com Luiz Henrique, Jair e Igor Jesus. A equipe informou que vendeu os três jogadores ao clube francês e que precisou negociar com valores abaixo por conta da situação financeira do comprador.
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