Parou no tempo? Os erros do Fluminense desde o título inédito da Libertadores, há dois anos
- Para além da taça, Flu não herdou praticamente nada da conquista em 2023
- Muitos erros foram cometidos pela gestão do clube, esvaziando o que poderia ser uma "era dourada"
Por Nathália Almeida

Não importa quanto tempo passe, todo torcedor tricolor seguirá lembrando do que estava fazendo no dia 4 de novembro de 2023, a data mais importante, ao menos até aqui, na história centenária do Fluminense Football Club. Em um Maracanã abarrotado, o clube das Laranjeiras conseguiu, enfim, expurgar os fantasmas de 2008 e se sagrar campeão da Copa Libertadores pela primeira vez em sua existência, vencendo um rival que é considerado por muitos como o maior clube do futebol sul-americano: o Boca Juniors.
Passados dois anos, no entanto, pouco ou quase nada ficou de herança positiva desta conquista para o Tricolor Carioca. A bela taça exibida na sala de troféus e as memórias saudosas da torcida são as únicas evidências de uma campanha que poderia ter alavancado o clube rumo à uma "era de ouro", mas que por erros empilhados por seus gestores, não trouxe nenhum legado para o Flu.
A seguir, destrinchamos estes erros que acabaram levando o campeão da América de 2023 ao quase rebaixamento em 2024 e ao posto de "coadjuvante" em 2025.
1. Dificuldade em encerrar ciclos
Operando sob a lógica da gratidão e da amizade, e não sob a lógica da convicção no retorno esportivo, a diretoria do Fluminense renovou o vínculo de diversos jogadores que já vinham em curva de declínio com a camisa tricolor no fim de 2023. A dificuldade em encerrar ciclos e tomar decisões que em um primeiro momento poderiam parecer "impopulares" culminou em um elenco pouco oxigenado e ainda mais envelhecido, além de desmobilizado e acomodado em 2024. Isso explica a quase queda da equipe no Brasileirão e o ano sem conquistas relevantes para além da Recopa Sul-Americana, obtida com muito custo e suor graças à atuação espetacular de Jhon Arias na volta contra a LDU no Maracanã.
2. Recorde em receitas, janelas "padrão 2019"
Mesmo batendo recordes de arrecadação em virtude de premiações e vendas de ativos importantes de seu elenco como André, Kauã Elias, Isaque e Jhon Arias, o Fluminense foi muito mal em praticamente todas as janelas de transferências dos últimos dois anos. Antônio Carlos, Terans, Douglas Costa, Gabriel Pires, Felipe Alves, Ignácio, Freytes, Renê, Otávio, Everaldo, Soteldo, Paulo Baya, Santi Moreno, Igor Rabello... Isso para listar apenas alguns dos nomes de nível técnico questionável (ou de baixo custo-benefício pelo alto número de lesões) trazidos pela diretoria tricolor depois do ano mais importante da história do clube.
3. Hipervalorização de medalhões e negligência à Xerém
No momento de maior dificuldade do Fluminense na reta final de 2024, Kauã Elias, jovem talento criado na base tricolor, apareceu e marcou uma série de gols decisivos para a permanência da equipe na elite nacional. Mas este olhar um pouco mais cuidadoso para Xerém parece só acontecer nos momentos mais críticos ou quando todas as outras alternativas estão indisponíveis ou esgotadas. Nas raras ocasiões que em que são acionados, precisam mostrar 3x mais do que medalhões para não sumirem da lista de relacionados no jogo seguinte. E o mesmo acontece com jovens oriundos de outros clubes, como Lavega e Lezcano.
Enquanto a maioria das equipes competitivas do futebol mundial miram rejuvenescer seus elencos, o Flu segue na contramão, dando mais espaço e minutos para atletas acima dos 30 anos e em curva de declínio em suas respectivas carreiras. Uma conta que não fecha, mas que explica muito o vazio de protagonismo do time tricolor nos últimos dois anos.
Leia mais sobre o Fluminense em:
feed