Clubes discutem fair play financeiro no Brasil e dirigentes trocam "alfinetadas"

  • Reunião alinhou expectativas em novo projeto com apoio da CBF
  • Objetivo é ter mais sustentabilidade financeira no futebol nacional
Presidente do Palmeiras, Leila Pereira participou do evento
Presidente do Palmeiras, Leila Pereira participou do evento / Howard Smith/ISI Photos/GettyImages
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O fair play financeiro tem sido pauta recorrente nos últimos meses no futebol brasileiro. Mas, afinal, ele vai ser aderido? Nesta segunda-feira (11), a CBF realizou um evento particular convidando federações e clubes da Série A e Série B do Campeonato Brasileiro para debater o projeto que busca tornar times mais conscientes das suas responsabilidades financeiras. A apresentação foi em caráter introdutório e ainda contou com representante da UEFA presente.

"Sem o fair play financeiro o futebol brasileiro não tem futuro. Principalmente a nossa tão sonhada liga. Temos vários projetos na nossa cabeça. Não adianta o Palmeiras sugerir sozinho, a CBF precisa encabeçar e ter uma posição firme pelo menos para começar. Eu concordo com a ideia de que os clubes que não pagarem não possam contratar novamente. O Palmeiras é um clube que paga rigorosamente em dia atletas, clubes e profissionais. Somos desclassificados por clubes que não pagam ninguém. Não é nada contra os outros. Os torcedores querem títulos e classificações, mas a conta chega. Será bom para o futebol brasileiro essa moralização. É imoral. Há clubes que pagam em dia e são prejudicados em detrimento de clubes que não pagam ninguém"

Leila Pereira, do Palmeiras

Após reunião, ficou definido entre as partes envolvidas que o projeto vai ser entregue em até 90 dias. Se tudo ocorrer conforme o esperado, a intenção é que a lei entre em vigor a partir de 2026.

"Pontapé inicial para transformar o futebol brasileiro"

"É um dos objetivos que colocamos no nosso compromisso de campanha. Com 78 dias de gestão, tomamos passos importantes para um caminho novo no futebol brasileiro. É um primeiro encontro, procuraremos ouvir os clubes e as formas de fair play financeiro que o corpo técnico trouxe para nós. Uma discussão mais firme e aprimorada para colocar em prática. Não posso cravar datas ou números, depende das discussões que faremos. Quero fazer o mais rápido possível, dentro de uma medida que não coloque em risco o futebol brasileiro. Queremos criar um sistema sustentável no Brasil, evitar o doping financeiro, reduzir dívidas. Hoje é o pontapé, com essa reunião, para transformarmos o futebol brasileiro. "

Samir Xaud, presidente da CBF
Samir Xaud
Dirigente de Roraima e médico, Samir Xaud foi eleito na CBF em maio e mandato vai até 2029 / Buda Mendes/GettyImages

"Fair play financeiro deveria ter sido feito há muito tempo. Quem contratou e não pagou deveria ser impedido de contratar. Isso deveria ser imediato. Quando chega o transfer ban, que como é da FIFA só vale para transferência internacional, rapidamente o clube arruma dinheiro para quitar a dívida porque senão não pode mais contratar. Se isso funcionar mais rápido no Brasil já avança muito. Tem algumas medidas imediatas que podem ser feitas que já teriam impacto e outras a médio prazo, como origem dos recursos, teto de gastos, se for o caso, e punir situações que não funcionam em nenhuma outra esfera no país e no futebol é permitido."

Marcelo Paz, CEO do Fortaleza

O mandatário foi perguntado acerca da sugestão do CEO do Fortaleza e afirmou que cabe à entidade avaliar a sugestão para a medida mantendo diálogo constante com as equipes. Ele ainda ressaltou o período de 90 dias para toda e qualquer solução, pregando cautela. "Não vamos tomar nenhuma medida precipitada. Queremos fazer o sistema autossustentável, com pés no chão, para conduzirmos da melhor forma possível", completou o sucessor de Ednaldo Rodrigues.

O que a CBF pensa sobre fair play financeiro?

"Basicamente consiste em garantir o relacionamento de pagamentos entre clubes, atletas e o governo. Temos 33 clubes e 10 federações em um movimento histórico. Junto com todas essas pessoas, fazer um modelo que atenda a realidade brasileira. Temos 90 dias para entregar o projeto final. Já começa em 2026, mas com responsabilidade. Haverá ondas de implementação para chegar à plenitude do programa. Não queremos implementar de uma vez só, há o temor de um colapso. Por nós, isso está afastado. Temos senso de urgência, mas senso de responsabilidade"

Ricardo Gluck Paul, vice da CBF
1ª Reunião do Grupo de Trabalho do Sistema de Sustentabilidade Financeira do Futebol
CBF criou o Grupo de Trabalho do Sistema de Sustentabilidade Financeira do Futebol / Foto: Staff Images / CBF

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