Brasileirão teve 526 atendimentos médicos a goleiros por "cera" desde 2022, aponta estudo
- Tema virou motivo de discussão e já alterou até regra do futebol
- Punição pode render até cartão vermelho, como aconteceu na atual edição do campeonato
Por Bia Palumbo

O comportamento dos goleiros no Brasileirão tem sido desafiador para a arbitragem. Segundo o regulamento, quem retardar o jogo deve ser punido por conduta antidesportiva e a partir deste ano a novidade foi dar escanteio ao adversário caso o arqueiro ultrapasse o limite de oito segundos na reposição de bola.
A falta de padronização entre os donos do apito apesar das orientações da CBF gera muito debate entre torcedores e na imprensa. Uma análise estatística identificou 637 paralisações por atendimento médico desde 2022 e 526 delas foram usadas como estratégia para ganhar tempo, o equivalente a 82,6%, segundo parceria do site ge com o economista Bruno Imaizumi.
"A lógica é a seguinte: o modelo foi treinado usando dados reais de atendimentos médicos a goleiros e várias informações de contexto (placar no momento, se jogava fora ou em casa, finalizações sofridas nos últimos minutos, entre outras). Com isso, ele ´aprendeu´ quais padrões tornam um atendimento mais provável, especialmente sob condições onde parar o jogo pode ser vantajoso taticamente para o time do goleiro. Ao comparar cada caso concreto com esses padrões, o modelo consegue calcular a probabilidade de aquele atendimento ter sido motivado por uma tática de segurar o jogo e não apenas por necessidade médica."
- Bruno Imaizumi
De 2022 até 2025, a análise aponta que 51,9% dos atendimentos aconteceram quando o placar apontava 0 a 0 e que isso acontecia em 59,7% das vezes quando o goleiro era visitante. Em 59,8% dos casos o time do goleiro atendido estava pior colocado do que o rival na tabela de classificação do campeonato.
Polêmica com Léo Jardim em Inter x Vasco
Um dos lances marcantes deste campeonato aconteceu no dia 27 de julho no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS). Flávio Rodrigues de Souza expulsou o vascaíno Léo Jardim no final da 2ª etapa, afinal o camisa 1 levou dois cartões amarelos em um intervalo de 14 minutos.
No segundo ele ficou sentado perto da trave com a mão na região do quadril e recusou-se a levantar mesmo após pedido do árbitro. Médicos foram acionados e o confronto que terminou empatado em 1 a 1 se estendeu até os 53 minutos. Horas depois o Gigante da Colina divulgou um laudo médico informando que o atleta sofreu uma contusão, mas ele retomou as atividades e foi escalado na partida seguinte.
"Eu realmente estava com uma lesão, estava com dor. Eu estava caído, só que aí, nesse meio tempo todo, ia trocar algum jogador e era a última pausa. Não poderia parar de novo o jogo, e aí chamou mais um jogador, que não estava pronto. E aí nesse tempo todo o Flavio foi ficando nervoso porque o jogo ficou parado muito tempo, só que eu estava caído. E eu falei, ´só vou passar o spray´ porque o Dudu, fisioterapeuta, estava ali do lado e o bandeira não deixou ele entrar em campo e a gente esperou o árbitro vir e autorizar. Ele veio e já falou: ´se você não levantar, eu vou expulsar´. Eu falei: ´não, só quero o spray´e aí já deu vermelho. Foi essa confusão toda."
- Léo Jardim
PC de Oliveira, sobre expulsão de Léo Jardim por cera: "A gente pode falar que o árbitro foi rigoroso, mas não podemos falar de erro, porque ficou claro que ele estava simulando" pic.twitter.com/5QJue5sGMn
— ge (@geglobo) July 28, 2025
O que diz a CBF
O presidente da comissão de arbitragem da CBF, Rodrigo Cintra, concordou com a atitude do árbitro. "O árbitro chegou ao último recurso, mesmo com o apoio de seu assistente, mesmo voltando lá pela segunda vez, mesmo com o médico ao lado do jogador, sem proceder nenhum tipo de atendimento. Não tinha outro recurso para retornar a partida", disse ele ao site ge.
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