Brasileirão teve 526 atendimentos médicos a goleiros por "cera" desde 2022, aponta estudo

  • Tema virou motivo de discussão e já alterou até regra do futebol
  • Punição pode render até cartão vermelho, como aconteceu na atual edição do campeonato
Goleiro do Vasco, Léo Jardim foi expulso por "fazer cera"
Goleiro do Vasco, Léo Jardim foi expulso por "fazer cera" / Foto: RAFAEL ROSA/Agencia Enquadrar/Gazeta Press
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O comportamento dos goleiros no Brasileirão tem sido desafiador para a arbitragem. Segundo o regulamento, quem retardar o jogo deve ser punido por conduta antidesportiva e a partir deste ano a novidade foi dar escanteio ao adversário caso o arqueiro ultrapasse o limite de oito segundos na reposição de bola.

A falta de padronização entre os donos do apito apesar das orientações da CBF gera muito debate entre torcedores e na imprensa. Uma análise estatística identificou 637 paralisações por atendimento médico desde 2022 e 526 delas foram usadas como estratégia para ganhar tempo, o equivalente a 82,6%, segundo parceria do site ge com o economista Bruno Imaizumi.

Gremio v Corinthians - Brasileirao 2025
Lesão de goleiro é a única que deve paralisar a partida; os jogadores de linha podem ser atendidos fora de campo e voltarem após autorização / Pedro H. Tesch/GettyImages

"A lógica é a seguinte: o modelo foi treinado usando dados reais de atendimentos médicos a goleiros e várias informações de contexto (placar no momento, se jogava fora ou em casa, finalizações sofridas nos últimos minutos, entre outras). Com isso, ele ´aprendeu´ quais padrões tornam um atendimento mais provável, especialmente sob condições onde parar o jogo pode ser vantajoso taticamente para o time do goleiro. Ao comparar cada caso concreto com esses padrões, o modelo consegue calcular a probabilidade de aquele atendimento ter sido motivado por uma tática de segurar o jogo e não apenas por necessidade médica."

Bruno Imaizumi

De 2022 até 2025, a análise aponta que 51,9% dos atendimentos aconteceram quando o placar apontava 0 a 0 e que isso acontecia em 59,7% das vezes quando o goleiro era visitante. Em 59,8% dos casos o time do goleiro atendido estava pior colocado do que o rival na tabela de classificação do campeonato.

Polêmica com Léo Jardim em Inter x Vasco

Um dos lances marcantes deste campeonato aconteceu no dia 27 de julho no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS). Flávio Rodrigues de Souza expulsou o vascaíno Léo Jardim no final da 2ª etapa, afinal o camisa 1 levou dois cartões amarelos em um intervalo de 14 minutos.

No segundo ele ficou sentado perto da trave com a mão na região do quadril e recusou-se a levantar mesmo após pedido do árbitro. Médicos foram acionados e o confronto que terminou empatado em 1 a 1 se estendeu até os 53 minutos. Horas depois o Gigante da Colina divulgou um laudo médico informando que o atleta sofreu uma contusão, mas ele retomou as atividades e foi escalado na partida seguinte.

"Eu realmente estava com uma lesão, estava com dor. Eu estava caído, só que aí, nesse meio tempo todo, ia trocar algum jogador e era a última pausa. Não poderia parar de novo o jogo, e aí chamou mais um jogador, que não estava pronto. E aí nesse tempo todo o Flavio foi ficando nervoso porque o jogo ficou parado muito tempo, só que eu estava caído. E eu falei, ´só vou passar o spray´ porque o Dudu, fisioterapeuta, estava ali do lado e o bandeira não deixou ele entrar em campo e a gente esperou o árbitro vir e autorizar. Ele veio e já falou: ´se você não levantar, eu vou expulsar´. Eu falei: ´não, só quero o spray´e aí já deu vermelho. Foi essa confusão toda."

Léo Jardim

O que diz a CBF

O presidente da comissão de arbitragem da CBF, Rodrigo Cintra, concordou com a atitude do árbitro. "O árbitro chegou ao último recurso, mesmo com o apoio de seu assistente, mesmo voltando lá pela segunda vez, mesmo com o médico ao lado do jogador, sem proceder nenhum tipo de atendimento. Não tinha outro recurso para retornar a partida", disse ele ao site ge.

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