Vasco deu 'all in' ao buscar estrangeiro com ano em curso e agora precisa sustentar posição
Por Nathália Almeida
Dolorosa e sem precedentes na história do confronto, a goleada sofrida pelo Vasco diante do Ceará, na noite da última segunda-feira (30), refletiu imediatamente nos bastidores e no clima em São Januário. Mecanismo quase automático/padrão no futebol brasileiro quando as coisas não vão bem, a ameaça de troca de comando técnico já começa a pairar sobre Ricardo Sá Pinto, contratado no início de outubro para substituir Ramon Menezes.
De acordo com a apuração do UOL Esportes, não há ameaça de demissão por ora, mas o trabalho do técnico luso está sob constante avaliação e as primeiras cobranças já começam a aparecer. Seu aproveitamento total desde que aterrissou em São Januário é de apenas 36,6% (2V, 5E, 3D), números bem abaixo dos emplacados por seu antecessor, demitido com 56% de aproveitamento.
No momento da decisão pela demissão de Ramon Menezes, o discurso adotado pela diretoria foi de que o trabalho já havia apresentado o que era seu ponto máximo de evolução, sem espaço para uma recuperação da curva para cima após sequência de derrotas que levaram o Vasco da liderança à beira da zona de rebaixamento. Com Sá Pinto, não houve involução ou evolução até o momento: com apenas um mês e meio de trabalho, o luso ainda tenta conhecer melhor seu limitado elenco e implementar um estilo de jogo seu, que por sinal é muito diferente em relação ao anterior.
Ao trocar um nome da casa que conhecia clube/plantel com a 'palma da mão' por um técnico estrangeiro em sua primeira experiência no Brasil - e com a temporada já em curso -, o Vasco deu 'all in', expressão utilizada no pôquer quando um jogador aposta todas as suas fichas em uma jogada. Agora, precisa sustentar essa posição e acreditar no projeto, o terceiro diferente buscado pelo clube somente em 2020: entre Abel, Ramon e Sá Pinto, praticamente não há similaridades e continuidades, e a história do futebol prova que esse número alto de rupturas, fruto de amadorismo e falta de planejamento, costuma culminar em desfecho trágico.