Surto de coronavírus no Flamengo contrasta com pressão para volta do público aos estádios
No final de maio, a equipe do Flamengo encabeçou a volta dos treinamentos na cidade do Rio de Janeiro. Mesmo contrariando as recomendações das autoridades sanitárias, o rubro-negro articulou a retomada nas atividades do CT do Ninho do Urubu, utilizando os próprios métodos de prevenção contra a contaminação pelo novo coronavírus.
À época, o presidente do clube, Rodolfo Landim, defendeu a volta dos atletas às atividades no CT.
"Se a minha atividade é segura e está sendo feita seguindo protocolos, a minha pergunta é: por que não? O que estaria de errado na volta do futebol? Simplesmente por que você está tendo uma curva ascendente? A curva é ascendente numa pandemia porque ela está ocorrendo em outras atividades que não estão seguindo esse protocolo que a gente está seguindo. Não vejo isso como um problema."
- disse Landim à época.
Já em junho, o Campeonato Carioca foi retomado com portões fechados, torneio vencido pelo próprio Flamengo após as finais contra o Fluminense.
Três meses depois, com Libertadores, Brasileirão e Copa do Brasil estão a plenos pulmões, e o Flamengo encabeça uma nova discussão sobre retomada: do público nos estádios. A ideia é colocar ao menos 30% da capacidade do Maracanã, algo ventilado também pela Prefeitura do Rio de Janeiro.
O vice-presidente do Flamengo, Marcos Braz, mostrou apoio à iniciativa de retomar os estádios com públicos.
"A mágica do futebol, de todos os esportes, é o público. Desde que tenha segurança, tem que ter público."
- citou Braz.
O Ministério da Saúde chegou a aprovar o texto proposto pela CBF. A FERJ, por sua vez, se isentou da discussão, ressaltando apenas que foi feito um estudo técnico sobre o assunto. Os demais clubes da elite do futebol brasileiro defenderam a isonomia, ou seja, se voltar para um, precisa voltar para todos. O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, chegou até a afirmar que não entraria em campo caso se liberasse o público apenas no Rio de Janeiro.
Em meio à discussão, o Flamengo protagoniza um problema: a delegação que viajou para o Equador para disputar a Libertadores está enfrentando um surto de coronavírus. Até o fim desta quarta (23), 16 atletas haviam testado positivo para o COVID-19, totalizando 26 em toda a delegação, até o técnico Domènec.
Enquanto defende o retorno da torcida por um lado, por outro a própria pandemia apresenta uma ironia ao Flamengo: os casos se espalham. Apesar dos protocolos, os riscos são reais e, enquanto não houver uma cura ou uma vacina, é complexo evitar totalmente a contaminação, mesmo nos espaços controlados.
A crise pulsante no Flamengo escancara a discussão: o Brasil já está pronto para abrir os estádios?