Sem dinheiro e sem poder de barganha, Barcelona decepcionou no mercado de verão
Por Nathália Almeida
Depois de sofrer a maior goleada de sua história em edições de Champions League - o 8 a 2 para o Bayern de Munique que ainda ressoa e machuca o clube -, muito se falou sobre uma reformulação completa no Barcelona em nível esportivo. Mudar os personagens e ideias na área técnica, encerrar ciclos no plantel e rejuvenescer o material humano à disposição eram as principais missões do clube para este verão. Iniciada a temporada 2020/21, podemos dizer que estes três objetivos foram alcançados a duras penas e até a 'página dois', já que o processo não foi tão profundo quanto deveria e se desenvolveu de maneira pouco profissional nos bastidores catalães.
Não entrando no mérito da escolha de Koeman e focando apenas na janela de transferências, o primeiro ponto crítico é o fato do Barça não ter conseguido capitalizar quase nada com os seus jogadores negociados. Exceção à venda de Arthur Melo - que rendeu um lucro de 40 milhões de euros em relação ao valor investido pelo atleta em julho de 2018 -, todas as demais saídas oficializadas pelo gigante catalão foram a baixo/custo zero. As despedidas de Arturo Vidal, Rakitic, Luis Suárez e Rafinha renderam apenas 1,5 milhão de euros aos cofres do clube, cifras injustificáveis mesmo para jogadores em fim de vínculo e já com idade avançada.
A inabilidade do Barcelona em fazer dinheiro com negociações teve como consequência lógica um mercado muito tímido em chegadas. Especulações astronômicas como Lautaro Martínez, Memphis Depay, Georginio Wijnaldum e Donny Van de Beek obviamente não saíram do campo dos 'rumores', com o Barça sendo reduzido a três contratações que definitivamente não mudam de imediato o patamar do clube: Sergiño Dest, Francisco Trincão e Miralem Pjanic.
Os dois primeiros são nomes muito promissores e que podem render belos frutos ao clube a médio prazo, mas não podem ser cobrados de um protagonismo instantâneo. Já o meia bósnio é um 'upgrade' em relação a Rakitic em qualidade/vigor físico, mas já não vinha de grande temporada na Juventus. Terá que se reinventar para ser o camisa 10 que o Barça precisa.
Por todo esse cenário, o Barcelona pode ser tratado, sim, como um dos grandes 'derrotados' da janela de verão. O único alento ao torcedor blaugrana está nas joias brutas do elenco que, se bem desenvolvidas/maturadas, podem mudar os rumos futuros do clube: há muito talento em Ansu Fati, Pedri, Aleñá, Puig, e também nos recém-chegados Dest e Trincão. A ver como Koeman trabalhará e blindará esses garotos em 2020/21, uma temporada que pode ser encarada como 'teste de fogo' ao gigante catalão.