Retorno do Carioca no ápice da pandemia escancara falência moral de seus entusiastas
Por Nathália Almeida
No início da noite do último domingo (24), uma notícia 'surreal' aqueceu os noticiários esportivos e redes sociais: a possibilidade da retomada do Campeonato Carioca no início de junho. Uma reunião com a presença do prefeito Marcelo Crivella, representantes da Federação Carioca (FERJ) e dirigentes dos clubes - exceto Botafogo e Fluminense, que se recusaram a comparecer -, teve como tema central o retorno da competição, com as partes praticamente selando o 'sinal verde' para a volta das atividades de rotina ainda neste mês de maio e bola rolando no Estadual em junho.
O projeto de retomada do futebol no do Rio de Janeiro, em meio ao ápice da pandemia no Estado - segundo em número de contaminados e óbitos, estatísticas que vêm crescendo exponencialmente nos últimos dias -, escancara a falência moral completa de seus entusiastas/idealizadores, guiados por uma prioridade completamente corrompida: as cifras em detrimento das vidas.
Clubes de futebol têm função social e, por isso, deveriam atuar com responsabilidade para servir de exemplo à população. O momento segue exigindo confinamento, manutenção do isolamento social, e não o afrouxamento das medidas preventivas. O retorno do futebol passa uma 'mensagem' perigosa ao senso comum de que a situação está mais amena ou controlada, o que não é verdade: no último sábado (23), o Estado do Rio de Janeiro viveu o seu dia mais doloroso em meio à pandemia, com 248 óbitos notificados consequentes do coronavírus.
Conscientemente alheios ao cenário desolador vivido pelo Estado, dirigentes de clubes e da federação local ainda colocam em risco os profissionais da bola e o 'universo' que há no entorno destes, seus familiares. Não há protocolo sanitário ou de segurança capaz de blindar integralmente a contaminação, principalmente em cenário de contato/exposição a um número alto de pessoas, como há em uma partida de futebol. Desumanidade, desserviço, imprudência... Chame como quiser, pois será justo.
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