Qual o recado que passa? Festa do Palmeiras em meio à pandemia é merecida, mas não necessária

Precisa? Esta é a pergunta que tem que se fazer antes de se aglomerar. Se a resposta for sim, faz-se um novo questionamento. Precisa mesmo? Bom, se vem novamente a mesma retribuição, se deixa nas mãos de Deus e se reza para que nada de ruim aconteça a quem valoriza tanto um ajuntamento mesmo em momentos de pandemia.

Na opinião da direção do Palmeiras, "precisava mesmo" promover uma festa a jogadores, dirigentes e convidados por ocasião da conquista do bicampeonato da Libertadores. Nesta segunda-feira, mais de duas semanas após o título, cerca de 250 pessoas (todas testadas e com PCR negativo, segundo os organizadores) participaram da comemoração levada a cabo pelo clube.

Procuro, nessas horas, separar necessidade de merecimento. Claro que todos merecem celebrar, afinal, foi um marco histórico do Verdão. Agora, ninguém me convence que era necessário. Logo após o duelo do dia 30 de janeiro, no Maracanã, a delegação desembarcou em São Paulo e foi direto para a Academia de Futebol, onde era esperada já para um momento de comemoração. Ali, no calor da disputa, com a adrenalina lá no alto, podia se dar a liberdade de extravasar, fugir um pouco da rotina dos últimos meses e dos rígidos protocolos. Agora, não há motivo plausível para se repetir isso.

Não chego ao ponto de dizer que o clube dá um recado ruim para a sociedade, tratando com desleixo a gravidade do coronavírus. No entanto, abre precedentes. Será que o Palmeiras gostaria de ir a campo contra um adversário que tomasse atitude semelhante? Será que os atletas do Palmeiras se sentiria seguros em duelar com rivais que, sabidamente, tiveram contato com um público maior? Esse tipo de atitude não faz bem. Não era muito melhor esperar tudo passar e promover uma grande e popular confraternização mais além? Eu tenho a certeza que sim, afinal, títulos como esse não saem da memória e sempre terão espaço para reconhecimento.

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