Por que os jogadores de futebol não são autênticos e polêmicos como os da década de 1990?
Para muitos setores de torcedores no Brasil, o futebol 'perdeu a graça'. A autenticidade e o bom humor dos jogadores dos anos 1990 são lembrados como momentos gloriosos do esporte nacional, e vistos como parâmetro para diversão e entretenimento.
Então, o que mudou de lá para cá? Por que os jogadores da atualidade são tão fechados e avessos às polêmicas comuns e populares nas décadas passadas? Veja algumas explicações para entender o contexto do futebol brasileiro.
O futebol se tornou caro
Na década de 1990, sobretudo após 1994, com o Plano Real, um salário de R$ 50 mil era considerado bem alto na realidade do futebol brasileiro. Vale ressaltar que, à época da criação do real, a moeda se equiparava ao dólar norte-americano. Atualmente, há atletas da Série A do Brasileirão que recebem vencimentos mensais superiores a R$1 milhão mensais.
Dessa maneira, é possível perceber que o futebol se tornou um mercado muito mais caro, em que as cifras envolvidas são altas e pedem maiores cuidados com a gestão financeira. Pagar muito dinheiro para um jogador virou realidade, assim, exigir que ele tenha responsabilidades de acordo com seus contratos, também.
A sociedade mudou
A sociedade brasileira na década de 1990 era bem diferente. Comerciais sem grandes restrições a cunho sexual e a palavrões circulavam na TV, além de programas dominicais recheadas de atrações 'duvidosas'. Além disso, não se havia tanta discussão no país sobre temas como homofobia e machismo, principalmente no futebol.
Hoje em dia, as conversas e as definições sobre esses assuntos tomaram conta do cenário da sociedade brasileira. A exposição de falas homofóbicas ou machistas (base das provocações da época) causa repercussão negativa e pode exigir pronunciamentos oficiais de marcas, pedindo até o cancelamento de contratos importantes para os clubes.
O profissionalismo se tornou necessário
Com cifras tão altas, o futebol se tornou um ramo de empresários bilionários e multimilionários. Os jogadores se tornaram produtos bem caros que representam marcas na casa dos bilhões de dólares. Até mesmo no Brasil, os atletas dos maiores clubes da Série A do país são patrocinados por grandes marcas nacionais e internacionais.
Portanto, um jeito mais despojado e livre de treinamentos sobre posicionamento social na internet e em outros meios de comunicação, já não cabem mais em um futebol tão fundamentado por finanças e por negócios milionários. A 'chatice' do jogador mais profissional e 'engravatado' virou uma necessidade inevitável.
Há outros motivos que provocaram mudanças profundas no futebol. Veja no vídeo a seguir: