Perguntas sem resposta: nem os árbitros devem conhecer os reais critérios de condução de uma partida
Por Fabio Utz
"Expulsei o sr. Rodinei, do Internacional, por jogo brusco grave, atingindo com as travas da chuteira a perna de seu adversário, sr. Filipe Luís, do Flamengo, acima da linha do tornozelo na disputa de bola, torcendo o tornozelo e colocando em risco a integridade física de seu adversário." Foi assim que Raphael Claus justificou o cartão vermelho aplicado ao lateral-direito colocado, após análise em vídeo, na partida deste domingo, no Maracanã.
Não quero entrar no mérito se foi correto ou não. A análise que desejo fazer é em cima de alguns questionamentos. O que é jogo brusco grave? Todos os árbitros brasileiros têm o mesmo conceito sobre o que é jogo brusco grave? Este tipo de análise pode variar dependendo da 'temperatura' do jogo? A dimensão de jogo brusco grave varia do jogo do campo para o jogo da televisão? Sou bem sincero: não sei responder nenhuma dessas perguntas.
Obviamente, não sou especialista em arbitragem, mas pelo jeito nem os próprios árbitros o são. Falta critério, falta cobrança, falta legitimidade para a arbitragem brasileira. O comando é fraco, e a incorporação de novos instrumentos apenas complicou uma análise que deveria ser fácil para quem realmente é do ramo, desde que ensinados e treinados para isso. Claus, considerado o melhor juiz do Brasil, ficou em meio a um fogo cruzado por conta do que aconteceu no Rio de Janeiro. Lances de outros jogos também apitados por ele vieram à tona por conta da similitude e de um rumo totalmente diferente em sua decisão. E isso, vamos combinar, já aconteceu com outros tantos árbitros. É só pegar imagens e comparar.
Não há como ter segurança na arbitragem brasileira. Não há, vendo o que acontece dentro das quatro linhas, como ter confiança no trabalho da Comissão de Arbitragem. Seria muito importante, para todos, se ter uma resposta pública às perguntas feitas por mim acima - e há muitas outras mais a serem respondidas, vamos combinar. Pois só aí se poderá realmente saber o que acontece nos meandros da profissão e se ter uma base mínima para se fazer cobranças. Do contrário, o esporte no país continuará à mercê de decisões sobre as quais não se sabe a origem e o embasamento.
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