Para capitã Irene Paredes, Espanha já fez história neste Mundial: "Esse lugar também é nosso"

  • Espanha e Inglaterra disputam a final da Copa do Mundo feminina neste domingo (20)
  • Capitã da seleção espanhola, Irene Paredes, analisou o efeito do sucesso do time

Irene Paredes, capitã da Espanha, na coletiva de imprensa prévia à final da Copa do Mundo feminina
Irene Paredes, capitã da Espanha, na coletiva de imprensa prévia à final da Copa do Mundo feminina / Andy Cheung/GettyImages
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Pela primeira vez na história, a Espanha está na final da Copa do Mundo feminina. Neste domingo (20), às 7h (de Brasília), disputa contra a Inglaterra, em Sydney, na Austrália, o jogo mais importante até hoje. Um sonho que até pouco tempo atrás era alto demais, inimaginável para as atletas.

"Um sonho como esse (estar em uma final), faz muito pouco tempo que tenho. Ao longo da carreira, não tive referências. Fui dando os passos no futebol porque é o que eu gostava de fazer e o que foi me abrindo portas", disse Irene Paredes, uma das três capitãs da seleção espanhola.

"Uma vez que se alcança a elite, que é capaz de fazer isso, pode chegar onde quiser, jogar os jogos que quiser. O time vem fazendo um trabalho muito bom, amanhã vamos ter a oportunidade de jogar a final do Mundial. É muito difícil chegar até aqui. É o momento de desfrutar e de fazer o que fizemos até agora: jogar futebol, que é o que viemos fazer", completou a atleta, em coletiva de imprensa na véspera da decisão.

Esta é a terceira Copa do Mundo de Paredes, que foi convocada para a seleção pela primeira vez em 2011. A zagueira joga no Barcelona, um dos melhores times do mundo, desde 2021, após cinco temporadas no PSG. Ela faz parte da evolução, transformação e profissionalização recente do futebol feminino na Espanha, impulsionado principalmente pelo trabalho a nível de clube do Barcelona.

"No outro dia estava falando sobre como é importante para nós, como jogadoras, jogar essa final, mas também tudo o que gera lá fora", afirmou Paredes.

"A maioria de nós cresceu pensando que esse não era nosso lugar. Que o futebol era um lugar ao qual não pertencíamos, que não estávamos prontas pro futebol. Nos últimos anos fomos mudando isso."

Irene Paredes, zagueira da Espanha

A campanha da Espanha no Mundial da Oceania (duas vitórias e uma derrota na fase de grupos e três vitórias no mata-mata) não somente credenciou a La Roja à final do torneio, mas também deu visibilidade ao time, às mulheres, ao esporte feminino e a um mundo de possibilidades para as próximas gerações -- uma mensagem reforçada diariamente pelo futebol feminino aqui na Austrália, especialmente pela trajetória histórica da seleção da casa.

"Se essa final servir para que saibam que esse lugar também é nosso, que é possível jogar uma final de Mundial, que somos referências, então também é fazer história e nos faz muito felizes."

Irene Paredes, zagueira da Espanha

Clima tenso em coletiva de imprensa na véspera da final

Irene Paredes, Jorge Vilda, Copa do Mundo feminina
A zagueira Irene Paredes e o técnico Jorge Vilda, da Espanha, em coletiva de imprensa antes da final da Copa do Mundo / Catherine Ivill/GettyImages

Não é segredo para ninguém que a seleção da Espanha chegou (e jogou) o Mundial de 2023 em situação desconfortável nos bastidores. Em resumo, em setembro do ano passado, 15 jogadoras formalizaram à Federação Espanhola de Futebol a renúncia à seleção, alegando não estarem em boas condições de saúde mental após o presidente Luis Robiales se negar a realizar mudanças estruturais e no funcionamento da seleção feminina.

Foram elas: Ainhoa Moraza, Patri Guijarro, Leila Ouahabi, Lucía García, Mapi León, Ona Batlle, Laia Aleixandri, Claudia Pina, Aitana Bonmatí, Andrea Pereira, Mariona Caldentey, Sandra Paños, Lola Gallardo, Nerea Eizaguirre e Amaiur Sarriegi. Das 15, três retornaram e fazem parte da campanha na Copa do Mundo: Aitana Bonmatí, Ona Batlle e Mariona Caldentey.

O clima entre as jogadoras e o técnico, Jorge Vilda, é visivelmente ruim e abalado. As evidências vão desde as celebrações em campo, a cada gol e a cada vitória -- sempre entre as atletas, nunca com o técnico -- até o silêncio e desconforto nas coletivas, a falta de interação e desvios de tema quando a situação é questionada.

Na coletiva deste sábado, mais uma vez isso ficou claro. Questionado pelo primeiro jornalista sobre a situação, o técnico respondeu: "próxima pergunta". Perguntado mais três vezes, de formas diferentes, as respostas foram basicamente "queremos ganhar a final. Confira algumas delas:

Sobre o clima da seleção: "O que queremos amanhã é ser os melhores do mundo. Conseguiremos ser os melhores do mundo ganhando a final."

"Desde o início as jogadoras estão unidas, estão trabalhando, acredito que será a sessão número 65 e todas completaram muito bem. E é isso que acontece em campo. Treinos e jogos. Tudo o que passou fora de campo também foi extraordinário. Elas terão memórias por toda a vida, aproveitaram, se divertiram, estivemos juntos e amanhã também vamos comemorar juntos."

Sobre a evolução da Espanha da Eurocopa até a Copa do Mundo: "Estamos super empolgados com estar aqui. Foi um jogo, sabíamos que estávamos melhor, mas o resultado é o que conta e foi o que passou. A Inglaterra sabe o que sentiu e sabe o que tem pela frente amanhã (se referindo às quartas de final da Eurocopa, quando a Inglaterra eliminou a Espanha). São boas referências, jogos de exigência máxima. O time foi evoluindo, crescendo, neste Mundial demonstramos que a nível mental está um passo à frente. As jogadoras estão super focadas, centradas no futebol e é isso que nos levou à final."

Sobre Sarina Wiegman: "É uma técnica que, com resultados, vem mostrando seu trabalho. Não é nada fácil o que ela vem conseguindo. Isso só é possível se há talento, preparação, um bom staff por trás, além de boas jogadoras – que temos nas duas equipes. Penso que amanhã será uma batalha tática e técnica, competitiva, é uma final, vamos lutar com tudo. O armamento da Espanha não vai mudar. Vai ser o jogo que todos esperam."

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