O Inter precisa aprender a priorizar
Por Rodrigo Salomao
#VozDoTorcedor
* Texto escrito pelo colorado Roberto Rosenfeld - Twitter: @rosenfeldrs
Quem já trabalhou com Gestão de Projetos deve ter ouvido falar em um conceito chamado Matriz GUT para Priorização de iniciativas. É um método bastante comum para os executivos das empresas decidirem aonde alocar seus recursos e esforços. Esse modelo se baseia em classificar os Projetos utilizando 3 atributos: G de Gravidade (quão relevante é o resultado daquele projeto), U de Urgência (o fator do tempo) e T de Tendência (se a tendência de não priorizar é piorar a situação ou se manter igual).
Na última semana o Inter escalou uma equipe totalmente descaracterizada para enfrentar a Universidad Católica no Chile e, com a derrota, acabou ficando em segundo lugar do grupo e tendo um caminho mais árido no restante da Conmebol Libertadores. Quarta foi a vez de entrar com um time desentrosado contra o Atlético Goianiense, mas o resultado foi positivo. A pergunta que fica é: o que fez o Inter colocar time completamente reserva nesses dois jogos?
Primeiro vamos ao que está claro. Você já sabe, mas não custa lembrar: o Inter não tem um elenco imenso e milionário e precisa revezar alguns jogadores para evitar lesões. E priorizar tudo significa não priorizar nada, ou seja, a turma que diz que todos os jogos são iguais está fugindo da raia da discussão. E SIM: o jogo contra o Flamengo era muito mais importante que os jogos contra Universidad e contra o Atlético. Pensando nos nossos 3 atributos: era um jogo mais grave (decidia a liderança do campeonato), mais urgente (não teremos outro jogo contra o Flamengo em casa) e com uma tendência mais grave (levaria uns 3 jogos para compensar uma eventual derrota).
Agora vamos para o que não é tão óbvio: o planejamento tático e as peças de reposição. Não adianta você juntar 11 pessoas quaisquer e que não se conhecem direito, colocar nelas uma camisa vermelha e assumir que elas terão entrosamento para vencer um time profissional de futebol. O jogo é tático e exige que o time jogue uma dezena de jogos juntos para que a engrenagem toda funcione. E lembrem que a diferença do Inter para os demais times não é o elenco, é a estratégia tática... Se você mexer em 100% do time, o jogo não vai te ajuda a entrosar os jogadores – ou seja, vencer o Atlético GO não entrosou ninguém, foi como ganhar um bate-bola ali no Parque da Redenção.
Se coloque agora no lugar de William Pottker. Ele é um jogador mediano (ruim, para falar a verdade, mas não contem ao Cruzeiro que quer comprar ele!). A cada 10 dias ele entra em campo para trocar passes com jogadores completamente diferentes e que ele não tem nenhuma sinergia. Tem dias que é com o Marcos Guilherme, outras com o Leandro Fernandez, outras com o Peglow... Enfim, ele nunca sabe quem vai passar a bola pra ele. Como você espera que ele se entrose com o time?
Então das duas uma: ou o treinador alterna um grupo pequeno de jogadores por jogo e mantém um time com 15 ou 16 titulares em sinergia, ou assume um time B que sempre se repita. É uma convicção que o Inter precisa ter agora, senão vai fracassar na maratona que se segue e jogos como o de Goiânia serão exceções e vamos desperdiçar uma temporada com boa possibilidade de título. Se o Nonato, por exemplo, entrar em alguns jogos para poupar o Edenilson mas manter o resto do meio campo com Lindoso e Patrick, eles vão estar entrosados para eventuais reposições. Foi isso que o Flamengo fez ano passado e que os times Europeus vêm fazendo ano após ano.
Lembrando: Gravidade, Urgência e Tendência. O planejamento tem que ser claro e tomar em conta o momento do time e do campeonato. Mas isso não significa 100% de reservas... Ah! E vendam o Pottker. Cruzeiro: ele é ótimo!