'Novela Dodi' escancara Fluminense refém de seus próprios erros e contradições
Por Nathália Almeida
Vivendo um momento muito positivo dentro das quatro linhas - está no G-4 do Brasileirão e não sabe o que é derrota nesta competição desde o dia 20 de setembro -, o Fluminense corre sérios riscos de perder um de seus principais jogadores na temporada ainda com o ano esportivo em andamento. Titular absoluto e 'motorzinho' do time de Odair Hellmann, o volante Dodi tem contrato com o clube somente até o final de dezembro, e o panorama de momento aponta fortemente para uma despedida problemática e nociva às pretensões esportivas do Tricolor.
Apoiada no discurso de austeridade financeira ('não fazer loucuras') e com esperanças de que o atleta agirá com gratidão pelo apoio recebido ao longo das últimas três temporadas - Dodi foi contratado em 2018, mas só estourou justamente em seu último ano de contrato -, a diretoria tricolor passou longe de apresentar valores que convencessem o estafe do jogador: o salário vislumbrado pelos agentes de Dodi é quase três vezes maior em relação à oferta do clube, posições completamente antagônicas que convertem para uma partida de caminhos.
Baseados em sentimento/emoção, não será surpresa se vermos torcedores tricolores atribuindo o rótulo de 'mercenário' ao volante, algo pra lá de corriqueiro no futebol brasileiro. De fato, quase quadruplicar os vencimentos (de R$ 70 mil para R$ 270 mil) de um jogador que só trouxe retorno esportivo em seu último ano de contrato parece algo fora da realidade, mas esse tipo de situação só acontece por um motivo: os precedentes abertos pelo próprio clube, em seus erros e contradições.
Refém de empresários, o Fluminense abriga em seu elenco profissional alguns veteranos muito menos úteis que Dodi, mas que recebem salários iguais ou maiores se comparados aos valores apresentados pelo estafe do volante como contraproposta. Esses 'medalhões' de altos salários e pouco retorno esportivo dentro das quatro linhas fazem cair por terra o discurso de austeridade da diretoria tricolor, e tiram o 'poder de barganha' dos dirigentes tricolores. E assim, o Tricolor caminha para testemunhar mais uma partida precoce, enredo batido e comum nos últimos anos.