Marquinhos e Tiago Volpi: São Paulo encerra dois ciclos, mas apenas um deles tinha começado
Por Lucas Humberto
Duas despedidas completamente diferentes para o São Paulo. De um lado, uma promessa que sai exatamente como tal. Do outro, um experiente jogador que talvez tenha tido até mais chances do que merecia. Marquinhos rumo ao Arsenal, Tiago Volpi de volta ao futebol mexicano para defender o Tolouca.
A transferência do atacante de 19 anos certamente irá ferir mais o torcedor tricolor. Não pelo potencial que deixou de ser mostrado nos gramados sul-americanos, mas pelo contexto burocrático. Como Marquinhos assinou seu primeiro contrato profissional em 2019, aos 16 anos, o vínculo, de acordo com a FIFA, pode ser de apenas três anos.
Nos últimos meses, segundo o São Paulo, houveram variadas tentativas de renovação. Nenhuma funcionou. Diante da iminente saída, o Tricolor Paulista preferiu ficar com os 3,5 milhões de euros (R$ 18,4 milhões) que serão pelos Gunners. Claro, as cifras poderiam ser consideravelmente mais expressivas mas, entre o montante oferecido e nada, a decisão não é muito difícil.
Marquinhos deixa o talvez, a impressão. Talvez pudesse ir longe se tivesse tido mais oportunidades. Ele deixa a impressão de que poderia tornar-se um ídolo antes de partir. Talvez conduzisse o clube de volta à Libertadores. Todas as possibilidades ficarão no campo das ideias. A transferência talvez tenha acontecido cedo demais. Fica a impressão que a culpa é de todo mundo e de ninguém.
Volpi, por sua vez, teve todas as potencialidades concretas no campo, defendendo a lendária meta eternizada por Rogério Ceni. Chegou para ser titular, teve grandes atuações, mas aparenta nunca ter conseguido se recuperar da má fase. Vai sem deixar tantas saudades assim, embora certamente tenha conquistado a admiração de muitos são-paulinos.
Duas despedidas completamente diferentes para o São Paulo. A equipe irá perder forças? Na teoria, não. Nenhuma das peças tinha status de titular em 2022. Mas fica o questionamento: de quem é a culpa quando o ciclo de um jogador é encerrado antes mesmo de ter um início propriamente dito? A resposta está mais na gestão do que no atleta.