Jorge no Palmeiras: uma aula visionária de economia, futebol e reposição
Por Lucas Humberto
A iminente saída de Matías Viña rumo ao futebol italiano - está próximo de ser anunciado na Roma -, fez o Palmeiras se movimentar rapidamente no mercado. Titular absoluto na lateral esquerda Alviverde, o uruguaio já estava na mira de clubes da Europa há alguns meses, sendo que a situação ficou ainda mais notável durante a Copa América. Diante do cenário e da necessidade de manter as finanças equilibradas, o Verdão buscou Jorge, ex-Flamengo, Santos e mais recentemente, Mônaco.
A contratação, embora longe de ser estrelada, agrega muito ao sistema tático de Abel Ferreira. No Peixe de Sampaoli, em 2019, o jogador desempenhava um excelente papel de construtor. À época, foi um dos melhores da posição no Campeonato Brasileiro. Tecnicamente muito privilegiado, Jorge funciona como terceiro zagueiro e ainda pode ser utilizado enquanto ponta.
As ressalvas, no entanto, ficam por conta dos problemas físicos. Aos 25 anos, o lateral, que nas últimas duas temporadas defendeu as cores de Monaco e Basel, conseguiu atuar muito pouco: ele marcou presença em somente sete jogos somando as campanhas 2019/20 e 2020/21. Sem jogar desde meados de dezembro do ano passado, sua readaptação aos gramados brasileiros pode levar certo tempo.
E, nesse sentido, as imediatas comparações com Viña podem não ser justas. Enquanto o uruguaio é um atleta de seleção, campeão da Libertadores como titular e consolidado na modalidade, Jorge ainda trilha seu caminho e, além disso, precisa se recuperar de dois anos completamente esquecíveis. Teoricamente, o brasileiro deve muito pouco em relação ao seu companheiro de posição. No entanto, a paciência, característica tão escassa no futebol brasileiro, será imprescindível.
Modelo de negociação
Para além da boa negociação em termos futebolísticos, o Palmeiras deu um "show" no que diz respeito ao modo de negócio. Como o contrato do lateral com o Monaco iria até até junho de 2022, ele poderia sair de graça daqui a um ano, ou seja, o clube francês perderia todo o percentual do qual é dono atualmente.
Dessa forma, o Alviverde ofereceu uma espécie de "parceria". Jorge foi liberado de graça, mas teve seus direitos econômicos divididos: 50% pertence ao time da Ligue 1, e o restante fica na conta do Verdão. Logo, ambas as partes podem lucrar futuramente com uma possível venda.