Joias da base e sinergia com a torcida são as únicas boas notícias no sofrido acesso do Vasco

Figueiredo foi uma das boas surpresas neste time do Vasco
Figueiredo foi uma das boas surpresas neste time do Vasco / Thiago Ribeiro/AGIF/Gazeta Press
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O torcedor vascaíno pode e deve comemorar o retorno à elite do futebol brasileiro, afinal, o grito estava engasgado e a espera pelo acesso foi longa. O sentimento das arquibancadas cruzmaltinas é principalmente de alívio e de esperança por dias melhores, com a retomada de um Vasco da Gama forte e protagonista. Mas não podemos não olhar criticamente para o que foi a campanha do Gigante da Colina na Série B deste ano: por vários momentos, até o jogo derradeiro em Itu, o vitorioso clube carioca flertou com a tragédia. Muita coisa precisa mudar nos corredores de São Januário.

Vasco x Ituano, em Itu
Com gol de Nenê, Vasco venceu o Ituano por 1 a 0, em Itu / Lucas Almeida/MyPhoto Press/Gazeta Press

Dono da segunda maior folha salarial da Segunda Divisão - atrás apenas do Grêmio, que manteve um orçamento alto mesmo na Série B -, o Vasco cometeu inúmeros erros graves em seu planejamento esportivo para a temporada, com falhas/lacunas evidentes na montagem de elenco e constantes trocas na área técnica que escancaram a falta de convicção em uma ideia/filosofia de trabalho. Todo esse entorno resultou em uma campanha errática e pouco inspirada, marcada por atuações abaixo da média, pontos somados "na ponta dos cascos" e derrotas que esmoreceriam qualquer torcida.

Só que a torcida do Vasco não é qualquer torcida. A esta, todo e qualquer elogio será merecido: se em campo o time não correspondia, nas arquibancadas de São Januário, os cruzmaltinos deram aula do que é sentimento real e atemporal, se atribuindo a dura missão de "carregar a equipe no colo" durante toda a Série B. A sinergia com a bancada foi o diferencial neste acesso do Vasco: a quinta melhor campanha como mandante, construída a partir de um pulsante caldeirão, levou o Gigante da Colina de volta à elite nacional.

Vasco cogita entrar na Justiça novamente pelo Maracanã.
Torcida do Vasco foi o diferencial na campanha da equipe / Jorge Rodrigues/Agif/Gazeta Press

No mais, o Vasco pode comemorar o surgimento e a ascensão de bons valores oriundos de sua base, como Figueiredo e especialmente Andrey Santos, volante de apenas 18 anos que jogou como "gente grande" nesta Série B. Apesar da expulsão em Itu, o jovem e talentoso meio-campista foi um dos atletas que mais corresponderam tecnicamente e melhor lidaram com a pressão desta tensa Série B, mostrando uma maturidade anormal para alguém tão jovem.

Em meio a escassos destaques e muitos pontos passíveis de críticas, a certeza que fica é uma só: a festa cruzmaltina nesta noite é justa, mas não pode durar muito. O caminho para recolocar o clube na rota das glórias é árduo e exige muita reflexão, muitas rupturas profundas e trabalho sério. Repetir os erros do último triênio não é uma opção para o Gigante da Colina.