Jesualdo vê potencial em Abel Ferreira no Palmeiras, mas liga alerta: 'No Brasil, não há tempo para falhar'
Por Nathália Almeida
Cada vez mais atenta ao mercado europeu de treinadores, a Série A do futebol brasileiro está em vias de ganhar mais um protagonista lusitano em seus gramados: Abel Ferreira, comandante de 41 anos atualmente no PAOK (GRE), deve ser anunciado pelo Palmeiras ainda nesta semana. Ele se juntará ao seu compatriota Ricardo Sá Pinto, do Vasco, e Domenèc Torrent, do Flamengo, formando a tríade de técnicos do Velho Continente em atividade na elite nacional.
Portugal tem sido um 'reduto' muito estudado/procurado por equipes brasileiras desde o enorme sucesso de Jorge Jesus com o Flamengo em 2019 e início de 2020. Mas nem todas as investidas por técnicos europeus terminaram em um enredo glamoroso: contratado pelo Santos no início da temporada, Jesualdo Ferreira acabou demitido após 15 jogos disputados. Paulo Bento só teve 18 partidas no Cruzeiro em 2015, enquanto Augusto Inácio durou sete jogos no Avaí, em 2020.
Em conversa exclusiva com o jornalista Paulo Vinícius Coelho - bate-papo repercutido pelo Globoesporte.com -, Jesualdo Ferreira levantou um debate importante ao ser perguntado sobre o iminente acerto entre Abel Ferreira e Palmeiras e se esta parceria pode render frutos: "Por que é que técnicos europeus não fazem sucesso no Brasil, com exceção de Jorge Jesus, por pouco mais de seis meses? (...) O Palmeiras poderá ter 18 jogos em dois meses. Fala-se do número de partidas na Inglaterra, mas nada é igual ao Brasil. Condição para ser técnico do Palmeiras, ele tem. Mas a pergunta é se vai se dar o tempo. Então, não te posso responder se vai ter sucesso", afirmou.
O calendário abarrotado e o imediatismo que rege o futebol brasileiro foram bastante criticados por Jesualdo: "A liga do Brasil é a mais difícil de trabalhar no mundo. Eu não digo isto agora, disse quando aí cheguei. Porque não se dá o tempo de falhar. No segunda falha, já se está a retirar. E, depois, há muitas provas. Tu vês que até mesmo na Europa reduziram as provas e, no Brasil, quiseram fazer tudo igual com quatro meses a menos, depois da pandemia. Até o jogador brasileiro se acostuma. Trocar de técnico sempre? Parece normal. Viajar a cada três dias, parece normal. É viver num mundo mau e achar que está tudo bem", concluiu.