Informalidade e descaso: ex-jogadora reivindica direitos e aciona Fluminense na Justiça

Foto: Mailson Santana/FFC
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A cada notícia de pequena conquista que celebramos - às custas de muito suor de atletas e entusiastas do esporte -, pela profissionalização do futebol feminino no Brasil, recebemos outras cinco que provam que ainda estamos muito distantes de ver a modalidade sendo encarada com seriedade pelas instituições. Ao passo que jogadores do futebol masculino de elite (primeira divisão) vivem o glamour dos altos salários, bonificações, luvas e outras benesses, atletas do feminino ainda lutam para serem reconhecidas como profissionais.

Como destaca o jornalista Andrei Kampff em seu blog Lei em Campo, no UOL Esportes, a esmagadora maioria das jogadoras em atividade no Brasileirão Feminino 2020 não têm carteira assinada, sendo registradas no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF como 'vínculo não profissional'. Tal realidade é inimaginável e proibida pela entidade no futebol masculino: desde 2018, reconhecer o atleta como profissional do clube tornou-se mandatário na modalidade.

Retomando as atividades no futebol feminino há pouco tempo, o Fluminense, que disputará a Série B do Brasileirão da categoria em 2020, foi acionado na Justiça do Trabalho por uma ex-jogadora do clube. Além de valores devidos na casa dos R$ 11 mil, a atleta reivindica o reconhecimento do vínculo empregatício que teve nas Laranjeiras enquanto vestiu a camisa tricolor: "A atleta pede diferenças salariais não pagas, férias, 13º e FGTS, além de danos morais e multa pelos atrasos. O reconhecimento do vínculo e anotação da carteira de trabalho deverá ser objeto de prova, documental ou testemunhal", aponta a advogada trabalhista, Luciane Adam.

Bastante atingidas pelo longo hiato no calendário em virtude da pandemia de coronavírus, não foram poucas as atletas que relataram dificuldades financeiras pelo não-pagamento de salários por parte de suas respectivas equipes. Houve denúncias públicas, inclusive, de uso indevido da verba destinada pela CBF à modalidade por parte dos clubes: a entidade liberou uma espécie de ajuda de custo para quitação de salários de profissionais do futebol feminino, mas nem todas as agremiações usaram o dinheiro para a categoria.