Incoerência!
O Vasco da Gama anunciou na última quinta-feira (8) a demissão do técnico Ramon Menezes, após derrota por 3 a 0 para o Bahia. O resultado, porém, não reflete de forma alguma uma passagem ruim do ex-jogador pelo comando técnico cruzmaltino. Ele fez o que pôde.
Ramon foi vítima de seu próprio trabalho. Vítima por ter criado expectativas em cima de um time que, de conhecimento de grande maioria, não briga por objetivos maiores há 20 anos - tem algumas exceções durante esse período, como o time de 2011/12.
O elenco do Vasco é bastante limitado, isso é fato. Pode ter um ou outro jogador de nível alto na equipe titular, como Cano, Benítez e Castán, mas o elenco é limitado. Sem reposição no banco de reservas, não dá para esperar que um garoto de 17/18 anos resolva uma partida. Não vai acontecer.
O problema é que esses meninos, no Vasco, sobem aos profissionais muito cedo e com expectativa de serem a solução de um time com deficiências. Porém, é natural do jovem jogador a oscilação. É sempre bom apostar na base, mas não dessa maneira.
O Vasco é um dos clubes que mais utilizam jogadores da base no Brasileirão, e o que mais utiliza de forma errada. Jogador da base é para ser lapidado com o tempo, com paciência, e não colocando o garoto na fogueira para tentar reverter uma derrota por 3 a 0, por exemplo.
Antes da primeira rodada do Brasileirão, nem o vascaíno mais otimista esperava um início bom de campeonato. O péssimo começo de ano com Abel Braga e o pouco tempo de Ramon no comando - o treinador havia comandado a equipe apenas na reta final do carioca e em amistosos -, colocavam dúvidas na cabeça do torcedor.
A questão é: qual treinador, com todo o cenário que se instaurou em São Januário - ano de eleições, elenco fraco, desfalques por COVID, lesões -, conseguiria manter o desempenho e uma colocação no topo da tabela? Eu te respondo: Nenhum!
O "resultadismo", infelizmente, deve ficar com estadia no Brasil por muito tempo. Muitos torcedores criticam a atual fase de Fellipe Bastos e Yago Pikachu - com razão -, mas acham que o próximo treinador não utilizará eles. É inevitável. As peças de reposição não vem correspondendo e as contratações que foram feitas não vingaram. De uma forma ou outra esses jogadores continuarão atuando.
A briga do Vasco no campeonato é completamente outra da expectativa que foi criada. O "Ramonismo" foi uma fase legal, de empolgação, mas voltemos à realidade: o problema é muito além de uma oscilação e sequência de maus resultados. Tem muita coisa por baixo do tapete, e os próximos meses serão tensos.
Sua imensa torcida quer voltar a ser feliz, e ter paz.