Gauchão vira objeto de disputa política, e ninguém tem a convicção de que competição realmente chegará ao final

SILVIO AVILA/Getty Images
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O que começa mal tende a terminal mal. Esta é uma frase que, mais uma vez, ganha sentido. O Campeonato Gaúcho, às vésperas de ser retomado, parece que virou objeto de disputa política e briga de vaidades.

Antes de autorizar a volta da competição, há dez dias, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo leite, havia dito, de forma bem clara, que o futebol não era prioridade - e diga-se de passagem, não deveria ser mesmo. Pois foi a CBF marcar data para a disputa do Campeonato Brasileiro que tudo mudou e, rapidamente, o Gauchão teve seus jogos marcados. Só que, pelo que se vê, faltou combinar isso com as prefeituras, que, em última instância, podem impor restrições a decisões vindas de cima. E foi o que aconteceu.

Aqui não estou para afirmar que alguém quer se prevalecer disso, ou que vetos a partidas são baseados em um clamor popular e não em decisões técnicas. Mas é o que parece. Na onda de Porto Alegre, Novo Hamburgo proibiu partidas na cidade, Pelotas impediu o duelo entre Pelotas e Brasil...Faltando 48 horas para a bola rolar, não se sabe o que mais pode acontecer. O Internacional bateu pé (e com razão, pois investiu dinheiro para transformar o Beira-Rio em uma verdadeira bolha sanitária para o Gre-Nal que ali seria realizado), o Grêmio também não está nada satisfeito (seria pura incoerência se concordasse com isso, já que é uma das eloquentes vozes a favor da retomada do futebol).

Enfim, o Gauchão, que era para ser um passo para construção de um cenário de nova normalidade (e acho que havia condições para isso), se tornou um simples instrumento de manobra, sendo este mais um sinal de que o Rio Grande do Sul e suas autoridades, ao contrário do que parecia há algumas semanas, não se prepararam de forma adequada para enfrentar uma crise e, também, para dar os primeiros passos para o pós-pandemia. É uma pena que o futebol esteja "metido" nisso. E hoje, 20 de julho, duvido encontrar alguém que aposte, com convicção, que o Estadual chegará ao seu final, como é o desejo de todos os envolvidos.

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