Gabriel Jesus mostra ao mundo sua melhor versão, mas 'estigma' de 2018 ainda o persegue, injustamente
Por Nathália Almeida
Cada vez mais adaptado ao futebol europeu, à Inglaterra e ao Manchester City, Gabriel Jesus vive uma temporada bastante impactante, individualmente e coletivamente falando. Titular em múltiplas oportunidades ainda quando Sergio Agüero estava saudável, o jovem brasileiro não sentiu o peso da responsabilidade de substituir o maior artilheiro da história do clube após este se lesionar, e apesar do argentino seguir adorado pelas arquibancadas e ser uma baixa sentida por seu tamanho e qualidade, não é nenhum exagero dizer: hoje, o City não depende de seu maior goleador.
Aos 23 anos de idade, o garoto revelado no Palmeiras atingiu um nível de maturidade técnica/tática impressionante para a pouca idade. 'Bebendo na fonte' do que há de melhor no futebol europeu - estamos falando de Premier League e Pep Guardiola na área técnica -, Gabriel tornou um atacante completo: aprimorou sua capacidade de posicionamento, aperfeiçoou sua finalização, cresceu no jogo sem a bola e sabe muito bem sair da área para atrair marcação, abrindo espaço para o brilho de seus companheiros de ataque. O diálogo dentro de campo com Sterling, De Bruyne, Bernardo Silva e Mahrez acontece em sintonia fina, para a festa dos torcedores citizens.
23 gols e 14 assistências em 52 partidas disputadas na temporada. Nove participações diretas para gols do City em sete jogos pela Champions League 2019/20. Gabriel já igualou o número de gols anotados por Ronaldo Fenômeno e Adriano Imperador na história da competição europeia: são 14 bolas na rede em jogos de Champions. Nada mau para um jovem de 23 anos que muitos brasileiros enxergam como um jogador comum.
Todos esses números e estatísticas deveriam ser mais que suficientes para dissipar o estigma atribuído ao atacante após a Copa do Mundo 2018 mas, infelizmente, isso ainda não aconteceu: aos olhos do senso comum, Jesus segue sendo o 'Gabriel Jejum' do Mundial da Rússia. Se recusam a enxergar o óbvio: camisas 9 da Canarinho sofrem não é de hoje. Isso diz muito mais sobre o jogo coletivo performado pela Seleção do que das individualidades dos nossos centroavantes.
Enquanto Guardiola reverencia Jesus e outros gigantes do futebol europeu buscam informações sobre o camisa 9 - a Juventus é um dos clubes interessados em seu futebol -, os brasileiros de Copa do Mundo seguem negando a qualidade e o potencial do garoto. Pior para eles.