Fortaleza ameaça não jogar após atentado a ônibus que deixou jogadores feridos e fala em "tentativa de homicídio"

  • Ao todo seis atletas precisaram ser hospitalizados, mas já foram liberados
  • Leão do Pici cobra autoridades e punição para torcedores envolvidos

O lateral Gonzalo Escobar sofreu trauma cranioencefálico
O lateral Gonzalo Escobar sofreu trauma cranioencefálico / Mateus Lotif - Fortaleza
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O ataque ao ônibus do Fortaleza na madrugada desta quinta-feira (22) na região metropolitana de Recife (PE) deixou seis jogadores feridos. O episódio aconteceu quando delegação voltava ao hotel após empate em 1 a 1 com o Sport na Copa do Nordeste.

De acordo com um comunicado oficial do clube cearense, o veículo em que estavam jogadores, comissão técnica e dirigentes "foi atacado por bombas e pedras por torcedores do Sport na saída da Arena de Pernambuco".

"O Fortaleza está colocando oficialmente que só quer voltar a jogar quando seus jogadores estiverem curados do que aconteceu, os seis jogadores, e também que os agressores estejam punidos. Esse é o nosso desejo."

Marcelo Paz, CEO do Fortaleza

Entre os feridos estão seis jogadores do Leão do Pici: João Ricardo (corte no supercílio), Gonzalo Escobar (pancada na cabeça, corte na boca e corte no supercílio), Dudu, Titi, Brítez e Lucas Sasha (sangramentos por conta de estilhaços de vidro). Eles foram levados às pressas para um hospital em Recife. Parte dos jogadores teve que passar pelo procedimento de sutura, com o recebimento de pontos cirúrgicos nas regiões lesionadas.

O clube já tinha programado folga ao elenco. O próximo jogo previsto é na quinta-feira (29), contra o Fluminense (PI), na estreia de ambos na Copa do Brasil.

"Não foi uma mera agressão, foi uma tentativa de homicídio, um ato que pelo modus operandi utilizado, poderia ter sido enquadrado como ato terrorista, nos termos da Lei 13.260/2016. O Fortaleza apresentará notícia de infração ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, não apenas relatando os atos gravíssimos havidos ontem, mas também solicitando a interdição da Arena em que ocorreu a partida (pela ausência de condições de acessibilidade ao Estádio que garantam a segurança dos envolvidos na partida) e requerendo à Procuradoria do Tribunal a tomada das medidas mais duras que sejam cabíveis contra os responsáveis pela garantia da segurança do evento, bem como da incolumidade física da equipe adversária."

Alex Santiago, presidente do Fortaleza

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Nota oficial do presidente do Fortaleza

"Ontem, as bombas e pedras não foram lançadas apenas contra o Fortaleza EC. Ontem, as bombas e pedras foram lançadas contra todos os que fazem profissionalmente o futebol no país (atletas, dirigentes, staff, torcedores e apoiadores), um futebol que diz querer evoluir, que diz querer saltar de patamar e tentar mirar o exemplo do futebol europeu, mas que ainda não consegue sequer dotar de segurança os profissionais envolvidos em um jogo de um campeonato profissional.

O que fizeram ontem, contra o Fortaleza EC, poderia ter tido consequências muito piores do que vários atletas feridos (como o que aconteceu). Ontem, poderíamos ter tido mortes de pessoas que saíram de casa, que deixaram os seus lares e suas famílias para a disputa de uma partida de futebol. Não foi uma mera agressão, foi uma tentativa de homicídio, um ato que pelo modus operandi utilizado, poderia ter sido enquadrado como ato terrorista, nos termos da Lei 13.260/2016.

Ontem, um dos clubes que é símbolo brasileiro de gestão desportiva dedicada e inovadora foi vítima daquele futebol brasileiro arcaico: o futebol em que se acha que o jogo é vencido hostilizando rivais e tratando adversários como inimigos.

O Fortaleza apresentará notícia de infração ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, não apenas relatando os atos gravíssimos havidos ontem, mas também solicitando a interdição da Arena em que ocorreu a partida (pela ausência de condições de acessibilidade ao Estádio que garantam a segurança dos envolvidos na partida) e requerendo à Procuradoria do Tribunal a tomada das medidas mais duras que sejam cabíveis contra os responsáveis pela garantia da segurança do evento, bem como da incolumidade física da equipe adversária.

Que a punição seja exemplar e seja um divisor de águas na tão sonhada modernização do nosso futebol. Não nos calaremos! A rivalidade pode ser vivida sem inimizade. Acredito no futebol como um esporte de cavalheiros, decidido dentro do campo, com muita paixão, mas com muito respeito ao adversário. Que o que ocorreu ontem, faça com que todos reflitam sobre quem será protegido ao final dessa história: o futebol brasileiro que quer dar certo ou o futebol brasileiro que nunca deu certo."