Fluminense segue desperdiçando 45 minutos de jogo por insistência em esquema falho

Fluminense sempre cresce de rendimento no segundo tempo depois das alterações
Fluminense sempre cresce de rendimento no segundo tempo depois das alterações / Pool/Getty Images
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No último dia 25 de abril, escrevi um texto sobre o saldo da participação do Fluminense na primeira fase do Campeonato Carioca. Nele, apontei o "poder de reação"/resiliência da equipe carioca como um ponto a ser destacado na campanha, mas com uma ressalva: a contínua necessidade de correr atrás do marcador, além de desgastante física e emocionalmente, podia ser um sintoma de que algo não estava certo nos primeiros 45 minutos do Tricolor em cada partida.

Três semanas se passaram e o mesmo cenário segue se repetindo à exaustão nas Laranjeiras: o Fluminense praticamente desperdiça a etapa inicial de cada compromisso e só entra no jogo no segundo tempo, especialmente a partir das substituições de Roger Machado. Qual é a explicação para isso? Bem, ela é muito mais profunda do que simples desatenção ou "freio de mão puxado", passando diretamente pelo esquema de jogo e peças escolhidas pela comissão técnica para iniciar o jogo.

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Fred e Nenê, juntos, têm criado um problema para o Fluminense / Pool/Getty Images

Foi-se a época em que o recurso técnico falava por si só e guiava as escolhas naturais para se montar uma equipe. Em um futebol cada vez mais físico, onde cada espaço do campo é disputado com "unhas e dentes", é muito difícil ser intenso e competitivo com dois jogadores acima dos 37 anos de idade, que não conseguem pressionar a saída de bola adversária e ajudar na recomposição. Nesse sentido, Fred e Nenê, JUNTOS, têm criado um problema para o Fluminense: a presença deles em campo ao mesmo tempo sobrecarrega os dois volantes (Yago Felipe e Martinelli) e, por tabela, acaba aumentando as responsabilidades defensivas dos jovens pontas, Kayky e Luiz Henrique.

Fred é o maior ídolo da história recente do Fluminense e, dentro da grande área, é gênio. Seus nove gols em dez jogos disputados na temporada provam que ainda sobra na arte de balançar as redes adversárias. Além disso, é o capitão do time, uma liderança dentro e fora das quatro linhas, e muito importante na bola área defensiva. Sacá-lo do time não é uma opção, ainda que dosar sua utilização seja vital para tê-lo bem durante todo o ano esportivo de 2021.

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Fred é o artilheiro do Fluminense na temporada / Pool/Getty Images

A alternativa que resta é mexer no status de titular absoluto de Nenê, um jogador inteligente e de qualidade técnica acima da média, mas que não consegue realizar o perde-pressiona e, principalmente, tem grandes dificuldades de acelerar o jogo quando é necessário. Peca sempre pelo toque a mais ou por segurar demais a bola em chances promissoras. A objetividade que falta ao camisa 77 sobra em Cazares, e isso fica escancarado quando analisamos as assistências dadas pelo equatoriano neste início de trajetória nas Laranjeiras. Resta saber se Roger Machado e sua comissão técnica terão o arrojo de mudar onde é preciso, já que o problema do Fluminense hoje passa longe de ser Luiz Henrique, barrado pelo treinador no Fla-Flu do último sábado (15).