Fim da seca ou sequência da maldição? América de Cali Feminino desafia 'escrita' do clube na Libertadores

América de Cali está na decisão da Libertadores Feminina de 2020
América de Cali está na decisão da Libertadores Feminina de 2020 / Pool/Getty Images
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O América de Cali Feminino pode pôr fim a uma das maiores maldições da história da Libertadores. Ou aumentá-la. Só tiraremos a 'prova dos 9' na noite do próximo domingo (21), quando a equipe colombiana adentrar o gramado do Estádio José Amalfitani para encarar a Ferroviária, grande final da edição de 2020 da competição continental.

Na semifinal, o América contrariou os prognósticos negativos e impôs a maior surpresa da Libertadores Feminina em muito tempo, eliminando nos pênaltis o atual campeão e amplo favorito ao título, Corinthians. Agora, a equipe colombiana terá pela frente mais um duro adversário brasileiro, o 'teste derradeiro' a ser superado para que o clube de Cali encerre uma escrita dolorosa que o persegue: o tetra-vice continental.

Corinthians, América de Cali, Libertadores Feminina
Cali Feminino pode redimir clube que nunca conquistou o continente / Pool/Getty Images

Time do quase?

Fundada em 13 de fevereiro de 1927, a Sociedad Anónima Deportiva América S. A, popularmente conhecida como América de Cali, viveu os anos mais gloriosos de sua existência na década de 80. Contudo, por mais paradoxal que isso possa parecer, os melhores anos do clube foram também os mais amargos de sua história.

Contando com um verdadeiro esquadrão em sua equipe masculina - impulsionada pelos artilheiros Beto Sierra, Wellington Ortiz, Roque Alfaro e posteriormente Roberto Cabañas -, o Cali empilhou títulos nacionais no início dos anos 80, emplacando um inédito pentacampeonato consecutivo (1982-1986) em solo colombiano. Os investimentos eram altos e as controvérsias administrativas e políticas nos bastidores eram constantes, mas os resultados continuavam vindo. Com um detalhe: só nas fronteiras locais.

A glória continental nunca chegou para os Escarlates, mas não por falta de oportunidades: foram três finais consecutivas de Libertadores para o Cali entre 1985 e 1987, com três vice-campeonatos. Em 1985, uma derrota dolorosa nas penalidades para o Argentino Juniores, após 1 a 1 no agregado dos dois primeiros jogos, e 1 a 1 no tempo regulamentar da partida de desempate. No ano seguinte, derrotas nas duas finais para o River Plate (ARG), com requintes de crueldade, já que o time argentino, dois anos antes, tirou referências do próprio Cali para se fortalecer. Em 1987, reta final da 'era de ouro' dos Escarlates, mais uma derrota em final, desta vez para o poderoso Peñarol.

O América ainda voltaria a uma final de Libertadores em meados dos anos 90, mais precisamente em 1996, quando reencontrou o River Plate (ARG). Mas a decisão com toda pinta de revanche acabou se tornando mais um episódio frustrante da jornada escarlate na Conmebol Libertadores: após vencer a ida por 1 a 0, perdeu na Argentina por 2 a 0 e viu o título continental novamente escorrer pelas mãos.

E foi assim que o Cali construiu a sua trágica e agonizante fama de 'time do quase' na Libertadores: é, até os dias atuais, o time com mais vice-campeonatos dentre os que jamais ergueram a tão sonhada taça continental. No domingo (21), o futebol feminino escarlate poderá colocar um ponto final nesta 'maldição', mas para isso terá que vencer a tradicional Ferroviária, campeã em 2015 e atual vice-campeã da competição. Desculpa, Cali, não é nada pessoal, mas nossa torcida é para que a escrita se mantenha...