EXCLUSIVO: Títulos e mais títulos! Zinho recorda momentos da carreira e fala da importância de Luxemburgo e Felipão

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Se alguém não sabe o que é ser campeão, basta perguntar ao Zinho. Poucos jogadores na história do futebol brasileiros acumularam tantos títulos como ele. Titular da seleção que garantiu o tetracampeonato mundial em 1994, ganhou ainda quatro Brasileirões (Flamengo/1992, Palmeiras/1993-1994 e Cruzeiro/2003), uma Copa União (Flamengo/1987), quatro Copas do Brasil (Flamengo/1990, Palmeiras/1998), Grêmio/2001, Cruzeiro/2003), uma Mercosul (Palmeiras/1998), uma Libertadores da América (Palmeiras/1999), afora troféus estaduais e regionais. É uma verdadeira múmia. Pois o ex-meia, hoje comentarista dos canais Fox Sports, conversou com o 90min para recordar um pouco de sua trajetória. Abaixo, o papo!

Ben Radford/Getty Images

Você no Flamengo, na década de 1980, pegou o final de uma geração monstruosa, e foi um dos poucos remanescentes, Tinha Zico, tinha Andrade, tinha Leandro, Junior…Era uma galera boa. E ficou você ali.
Meus ídolos! Eu cheguei no Flamengo em 1979, com 11 anos. Aí, a minha formação toda foi nesse momento vitorioso do Flamengo. Campeão brasileiro em 1980, campeão da Libertadores em 1981, campeão do mundo em 1981, campeão brasileiro depois de novo, em 1982, depois de novo, em 1983. Foi o tri, né…E esses caras brilhando. Aquela seleção maravilhosa de 1982, né, que eu sempre moleque, ali, me formando, tinha como os meus ídolos. E aí, em 1986, eu com 18 aninhos, subo para o profissional e vou jogar com esses caras.

Jogar com seus ídolos!
É! Um privilégio, um benção de Deus mesmo. Aí eu joguei com Leandro, com Mozer, com Adílio, com Andrade, com Zico, com Junior, com a galera toda! Com Júlio César, com a galera toda…

E aí você sai do Flamengo e vai pro Palmeiras, direto. É isso?
É, em 1992, outubro de 1992.

Sobre o (Vanderlei) Luxemburgo, que hoje em dia tá no Palmeiras de novo… Ele tem uma sinergia com o clube ou você acha que é sorte? Fala um pouco…
Não, não. É competência dele como treinador. Como eu falei, eu cheguei no Palmeiras em 1992…E o Vanderlei só foi para o Palmeiras em 1993. O pessoal me perguntou, o que que eu achava, era um treinador jovem, se teria qualidade para comandar um projeto que o Palmeiras tinha. E eu falei que sim, que era um ótimo treinador, um treinador estudioso, muito tático, e com a filosofia de jogo que o Palmeiras gosta. Academia, toque de bola, habilidade… E o Palmeiras apostou nisso, levou o Vanderlei. O time começou a ser formado pelo Otacílio Gonçalves, baita de uma pessoa, baita de um treinador também. A gente foi vice-campeão paulista em 1992, porque o São Paulo nos venceu. E era aquele São Paulo maravilhoso, de Raí, de Müller, de Cafu, de Palhinha, de Ronaldo… Muita gente boa, né.

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No Palmeiras, você teve um sucesso absurdo. Aí vai pra Copa, é campeão. Vai para o Japão e, depois, quando você volta para o Palmeiras, é campeão de novo, da Libertadores, o maior título da história do clube. Libertadores é um bicho diferente? É um negócio diferente, de ganhar e jogar Libertadores?
É…A torcida do Palmeiras canta, né, “Libertadores obsessão!”. O Palmeiras tinha esse projeto. Já era lá de 1993, 1994, E aí, quando o Felipão, que estava lá no Japão, também chegou, o pessoal do Palmeiras queria montar de novo um forte time para buscar esse objetivo, já que a gente não conseguiu a Libertadores. Ganhamos tudo naquela época, 1993/1994, mas faltou a Libertadores. Eu cheguei em agosto de 1997, retornei do Japão com esse objetivo. Com a chegada do Felipão, veio a experiência de quem já era campeão da Libertadores pelo Grêmio.

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Depois você vai para o Grêmio e ganha a Copa do Brasil.
Foi especial porque foi no dia do meu aniversário, 17 de junho. Nós voltamos para Porto Alegre no mesmo dia, chegamos à noite lá para comemorar o título com desfile de carro do Bombeiro, fomos para dentro do Olímpico, para comemorar com a torcida.

P* comemoração de aniversário a sua, hein!
E a torcida cantando parabéns, né! Pô, foi sensacional!

Como é que era o seu Adenor naquela época? Como é que era o Tite garoto ainda, menino… Não tão menino, né, mas são 19 anos atrás.
Como treinador sim, né? Eu já via um Tite muito antenado, moderno para o momento. A tecnologia do momento, que oferecia, ele buscava, ele tinha. Muito motivador, muito emocional. Sabia extrair do jogador o máximo, porque ele tinha uma fala muito boa. E um cara coerente, um cara que sabia gerir o grupo…Um cara aberto ao diálogo. Eu era capitão do time, várias e várias vezes ele me chamava, a gente sentava, ele passava ideia, ouvia a minha ideia, ouvia a minha opinião…E de outros também, líderes do grupo, jogadores experientes. Então, assim, já era um cara que tinha um comando muito bom com uma gestão de grupo boa. E ele me dava muita liberdade, tanto é que foi um dos times que eu fiz mais gols, né. E o meu pé tá na calçada da fama do Grêmio, porque eu fui capitão dessa conquista da Copa do Brasil.

E depois você vai para o Cruzeiro, 2003, e quem é seu treinador?
Luxemburgo.

Vanderlei Luxemburgo de novo! E aí, Vanderlei Luxemburgo e Zinho, o que que dá? Campeonato Brasileiro.
Título!

E vamos falar a verdade, aquele título de 2003 foi um passeio do Cruzeiro. Vocês esperavam? De verdade, o time…Todo time sabe, você vê no treinamento, você vê ‘pô, esses caras são bons, realmente, vai dar liga esse ano’... Mas vocês esperavam uma vantagem tão grande? Seja sincero… Começou a temporada, você viu o elenco ali, você falou ‘esse ano a gente vai deitar’?
Pelo elenco que tinha, e por ter sido campeão mineiro da Copa do Brasil, deu uma confiança que… Olha, a gente é candidato a conquistar o título.

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SOC-MERCOSUR CUP-PALMEIRAS-CELEBERATION-CUP / MARIE HIPPENMEYER/Getty Images

É, foi a Tríplice Coroa!
E aí vai ganhando, vai ganhando, vai ganhando… Aí o Vanderlei colocava uma projeção de pontuação do mês. ‘Oh, estamos no mês de julho, vamos ter tantos jogos. Se a gente terminar o mês com esse número de pontos, estamos na liderança. Se a gente terminar aqui, a gente está ali entre os quatro primeiros’...Então, nós, jogadores, a gente ficava olhando aquilo ali, ‘pô, ganhamos, que beleza! Ô, estamos com uma folguinha. Esse jogo dá até para empatar’. Mas aí, com moral, acabava ganhando. E ia dando as vantagens, né. E aí, realmente encaixou o elenco. Para você ver, eu nem era titular absoluto do time. Joguei muitos jogos, mais de 30 jogos, mas não era um titular. O grande craque do time era o Alex, Era o grande momento do Alex na carreira. Ele foi muito bem no Palmeiras, mas ele ainda era menino, né, oscilava. Mas no Cruzeiro ele era o capitão do time, líder, técnico, e também como capitão. Então, era um time maravilhoso, um elenco muito forte.