Ex-companheiro de Maradona, baiano Charles comenta sobre convívio e lamenta morte de eterno camisa 10

Maradona tirou baiano Charles do Cruzeiro e o trouxe ao Boca Juniors no começo da década de 1990.
Maradona tirou baiano Charles do Cruzeiro e o trouxe ao Boca Juniors no começo da década de 1990. / Etsuo Hara/Getty Images
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Campeão brasileiro e destaque do Bahia entre o final dos anos 1980 e início da década de 1990, o baiano Charles apareceu muito bem para o futebol brasileiro e em 1991 foi para o Cruzeiro. Lá, ele continuou mostrando o seu potencial, mas não por muito tempo. Em torneio na Argentina, naquele mesmo ano, a Raposa pegou o Boca Juniors na final e perdeu, mas o então garoto de 23 anos conseguiu chamar atenção, inclusive de Don Diego Armando Maradona, que assistia ao jogo.

Impressionado, como informa o GE, o craque argentino enviou seus representantes ao hotel onde a delegação celeste estava hospedada para acertar a compra de Charles para o Boca. Surpreso, o atacante não acreditou e ignorou o então diretor da Raposa, e só foi ser convencido após os advogados o levarem ao encontro do próprio Maradona.  

Ontem (25), dia da morte de Maradona, que sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu, Charles lembrou do convívio com o gênio e o exaltou.

“Eu tive a felicidade de conviver com Maradona durante seis meses, quando ele me comprou do Cruzeiro para me levar para jogar no Boca Juniors, seu clube de coração. Nesses seis meses tive uma convivência de muito respeito, muita admiração, eu estava do lado de um gênio da bola. Isso é um orgulho para poucos, vou carregar isso para o resto da vida, esse orgulho de ter jogado e convivido com ele por seis meses”, declarou o ex-atacante, em entrevista à TV Bahia.

Além disso, o baiano também lamentou a morte do eterno camisa 10. “Recebi essa notícia da morte de Maradona com muita tristeza. Não só eu, como todos os amantes da bola. As pessoas que são apaixonadas pelo futebol sabem o gênio que perdemos, o gênio que foi Maradona, o gênio que conseguiu ganhar uma Copa do Mundo sozinho. Isso ficará marcado na lembrança de todos que são apaixonados pelo futebol. Até as pessoas que não gostam de futebol sabem quem foi Maradona”, encerrou.

Maradona morreu na última quarta-feira, 25 de novembro de 2020.
Maradona morreu na última quarta-feira, 25 de novembro de 2020. / Rodrigo Valle/Getty Images

Confira abaixo a história de como Charles e Maradona se conheceram. A declaração foi concedida pelo baiano ao GE, em 2014, ano em que assumiu o comando do Bahia.

“Ele me levou para jogar no Boca. Isso foi em 92, quando eu jogava pelo Cruzeiro. Nosso time foi disputar um torneio na Argentina contra Boca, Racing e Olimpia-PAR. Ganhamos do Olimpia, do Racing e fomos para a final com o Boca. Na final, Maradona estava assistindo. Eu joguei muito nesse jogo. O Boca nos ganhou por 2 a 1. Depois do jogo, eu estava no hotel, e um dos diretores, o Benecy Queiroz, que está lá até hoje, me ligou no quarto: “Desça aí porque o Cruzeiro está acertando sua venda para Maradona e você precisa acertar sua parte”. Eu achei que era brincadeira, desliguei o telefone e fiquei no quarto com meu companheiro, o Zé Carlos, goleiro que jogou no Flamengo. Falei com ele: “Benecy está me ligando aí dizendo que o pessoal de Maradona quer me comprar”. Passaram uns dez minutos, ele ligou de novo: “Charles, cadê você?”. “Eu estou no quarto”. “Você não vai descer? O pessoal de Maradona está aqui”. “Não é brincadeira?”. “Não. O Cruzeiro já acertou tudo”. Aí eu desci. Nisso, quando eles estavam conversando, viram que eu não estava acreditando muito e disseram: “Você não está acreditando?”. Eu falei: “Eu não, velho”. “Você quer ir lá na casa do Maradona?”. “Eu vou, mas só se o diretor do Cruzeiro for comigo”. Fomos no carro os dois advogados dele, eu, o diretor e o supervisor do Cruzeiro. Chegando no prédio, um prédio simples, mais ou menos, um prédio feio. Eu disse: “Pô, esse cara mora aqui?”. Para subir no elevador, era aquele elevador de grande", declarou.

"Quando subimos, abrimos a porta e já demos no apartamento dele. “Está acreditando agora?”. “Agora eu acredito porque estou vendo o homem aí”. Nós conversamos, depois voltamos no hotel e foi dessa forma que ele me comprou e me colocou no Boca. Joguei seis meses no Boca, ganhei o título, fomos campeões argentino em 92. Joguei poucas partidas, mas fui campeão", finalizou.

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