Em melhor campanha da história, Colômbia não teme favorita Inglaterra: "No campo, somos 11 contra 11"

  • Colômbia e Inglaterra se enfrentam pelas quartas de final da Copa do Mundo feminina, neste sábado (12)
  • Seleção colombiana é a única representante da América ainda viva no torneio

Mayra Ramírez, atacante, e Nelson Abadía, técnico da Colômbia em coletiva de imprensa antes da partida contra a Inglaterra
Mayra Ramírez, atacante, e Nelson Abadía, técnico da Colômbia em coletiva de imprensa antes da partida contra a Inglaterra / DAVID GRAY/GettyImages
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A Colômbia vive um sonho na Copa do Mundo feminina de 2023 -- e nem pensa em acordar. Em sua melhor campanha na história do torneio, disputa as quartas de final contra a Inglaterra, atual campeã europeia, neste sábado (12), às 7h30 (de Brasília), no Estádio Olímpico de Sydney.

"Estamos tranquilas, sabemos que será difícil, mas confiamos umas nas outras, estamos nos preparando para isso há meses", disse Mayra Ramírez, atacante da Cafeteras, em coletiva de imprensa na véspera da partida decisiva.

"Sabemos que a Inglaterra é favorita nessa partida, mas como já dissemos, são jogos que gostamos de jogar. No campo, somos 11 contra 11, sabemos que elas são muito fortes, mas a Colômbia mostrou que tem talento, que se sacrifica dentro de campo e esperamos conseguir um bom resultado. "

Mayra Ramírez, atacante da Colômbia

Aos 24 anos, Mayra joga seu primeiro Mundial na Austrália e já faz parte de uma geração histórica. Há 12 anos uma seleção sul-americana não chegava às quartas de final da competição. A última vez que isso aconteceu foi em 2011, quando o Brasil de Marta, Cristiane e Formiga empatou com os Estados Unidos de Abby Wambach, Carli Lloyd e Rapinoe e foi eliminado nos pênaltis. Naquele ano, os EUA foram finalistas da Copa, mas perderam para o Japão nos pênaltis na final. Assim como há 12 anos, o adversário das colombianas também é mais estruturado e considerado favorito para avançar no torneio, mas isso não intimida o técnico Nelson Abadía e suas jogadoras.

"Saber da história da Inglaterra e do seu futebol é importante. Mas, para mim, é importante até chegar no campo. São 11 jogadoras contra 11 jogadoras, importantíssimas as 22 que vão começar o jogo. Sabemos das condições, das capacidades, do que nossa seleção tem e como pode encarar essa partida", disse o treinador, que afirmou ter feito a lição de casa para enfrentar as adversárias europeias.

"Temos estudado muito a Inglaterra, sabemos o que é e o que tem. Já enfrentamos equipes europeias, sabemos como enfrentá-la. E isso nos dá, também, certa possibilidade de sair à frente", completou.

A Inglaterra é a atual campeã da Eurocopa e chegou ao Mundial da Austrália e Nova Zelândia com status de favorita, mas não fez jogos convincentes até aqui. No grupo D, estreou com uma vitória sofrida diante do Haiti, por 1 a 0, venceu a Dinamarca por 1 a 0 e, já classificada, goleou a China por 6 a 1. Nas oitavas de final, não conseguiu marcar contra a Nigéria, mas avançou na decisão por pênaltis.

Catalina Usme comemorar gol marcado sobre a Jamaica, nas oitavas de final da Copa do Mundo feminina.
Catalina Usme comemorar gol marcado sobre a Jamaica, nas oitavas de final da Copa do Mundo feminina. / SOPA Images/GettyImages

Essa também é a primeira vez que uma seleção além do Brasil chega tão longe na Copa. Com um elenco que equilibra experiência e juventude, talento individual e mentalidade coletiva, a Colômbia é, ainda, a única seleção do continente americano ainda presente no torneio -- e a sensação é de que foi adotada por toda a América do Sul. Os muitos brasileiros que vivem na Austrália, por exemplo, declararam torcida para as colombianas. O técnico Nelson Abadía falou sobre isso.

"O fato de sermos o único representante da América é importante, por tudo o que vimos da seleção", disse. "Tudo o que trabalham, tudo o que fazem leva a uma boa performance futebolística. Essa é a ideia, que a Colômbia siga cada vez mais crescendo o nível do futebol feminino e siga acreditando ainda mais no trabalho que vem sendo feito", disse o treinador.

O excelente desempenho da Colômbia na Copa do Mundo de 2023 surpreende e, ao mesmo tempo, manda um recado importante para a federação. Há exatamente um ano, durante a Copa América feminina, a liga profissional feminina colombiana foi paralisada em decorrência da falta de investimento e organização do esporte no país. A campanha no Mundial fortalece o futebol feminino e evidencia a importância das reivindicações por um calendário anual da modalidade.

"Ter toda essa energia positiva, não só da Colômbia como de todo o continente é muito bom. A partir disso, temos a possibilidade de crescer e de nos posicionar no contexto mundial do futebol -- assim como as nossas jogadoras estão fazendo dentro de campo"

Nelson Abadía, técnico da Colômbia

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Com a determinação e a coragem para seguir fazendo história na Oceania, a Colômbia conta com torcedores apaixonados enviando energias positivas desde a América, mas também lotando os estádios australianos. A grande população de imigrantes vem comparecendo em peso aos jogos. Contra a Jamaica, o público presente foi de 27.706 no estádio Retangular de Melbourne, com capacidade para pouco menos de 30.000 pessoas -- a imensa maioria vestindo amarelo, vermelho e azul.