Em dia histórico, Seleção Feminina dos EUA vence disputa em prol da igualdade salarial

Atletas da seleção estadunidense travavam batalha judicial desde 2016
Atletas da seleção estadunidense travavam batalha judicial desde 2016 / David Berding/GettyImages
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Dia histórico! Nesta terça-feira (22), a Federação Americana de Futebol (US Soccer) anunciou que as jogadoras da seleção feminina do país irão receber a mesma quantia dos atletas do time nacional masculino. A decisão foi tomada após acordo entre as partes. Além disso, de acordo com informações do The New York Times, o acerto também prevê o pagamento de US$ 24 milhões a um grupo de dezenas de esportistas como forma de compensação pelas décadas de desigualdade.

"A U.S. Soccer se comprometeu a oferecer a mesma remuneração às seleções masculina e feminina em todos os amistosos e torneios oficiais, incluindo a Copa do Mundo, a partir de agora"

US Soccer através de comunicado
Megan Rapinoe Estados Unidos Copa do Mundo Igualdade salarial
Rapinoe é uma das principais vozes da modalidade / Brad Smith/ISI Photos/GettyImages

Ainda nos idos de 2019, o sindicato das jogadoras da seleção estadunidense entrou com uma ação por discriminação de gênero contra a federação local. À época, Megan Rapinoe, uma das principais vozes do futebol no mundo, acusou a US Soccer de "recusar obstinadamente" a pagar suas atletas de forma justa. O acordo, aliás, é parte da resolução do processo. Tetracampeão da Copa do Mundo, o time nacional feminino dos Estados Unidos é um dos mais vitoriosos da história.

Ainda de acordo com a publicação do The New York Times, a aplicação dos termos do novo acordo está sujeita à ratificação de um trato coletivo entre as jogadoras da seleção nacional e a federação. "Obviamente, você não pode voltar e desfazer as injustiças que enfrentamos, mas a única justiça que vem disso é que sabemos que isso nunca pode acontecer novamente", celebrou Rapinoe em entrevista concedida à emissora ABC.

"Não vejo isso apenas como uma vitória para nossa equipe ou para o esporte feminino, mas para todas as mulheres em geral"

Alex Morgan sobre a equidade salarial
Alex Morgan Estados Unidos Copa do Mundo Igualdade Salarial
Morgan é um dos principais nomes do time nacional / Maja Hitij/GettyImages

Vale lembrar ainda que os imbróglios entre as atletas da seleção e a federação iniciaram em 2016, quando cinco jogadoras apresentaram queixas formais às autoridades locais acusando a US Soccer de discriminação salarial contra mulheres. O grupo formado por Carli Lloyd, Becky Sauerbrunn, Hope Solo, Rapinoe e Morgan levou o caso à Comissão de Oportunidades de Trabalho Equalitárias, uma agência federal responsável por garantir o cumprimento de leis trabalhistas.

Diante da ausência de ação por parte da federação, as atletas optaram por processar a entidade em 2019. À época, 28 jogadoras acusaram a US Soccer de "discriminação de gênero institucionalizada". Agora, após seis anos de labuta burocrática e múltiplas alegações, as mulheres da seleção estadunidense conquistaram uma das vitórias mais importantes da modalidade. Tão acostumadas a vencer dentro das quatro linhas, hoje elas comemoram fora delas.

Carli Lloyd Estados Unidos
Lloyd se aposentou / David Berding/GettyImages