Eliminação para a Bélgica completa dois anos, com Seleção ainda sob questionamentos
Por Nathália Almeida
Há exatos dois anos, no dia 6 de julho de 2018, mais uma vez o torcedor brasileiro sufocava o tão sonhado grito de 'hexacampeão'. Valendo vaga nas semifinais da Copa do Mundo da Rússia, a Canarinho acabou superada por 2 a 1 pela Bélgica, equipe que terminaria o Mundial com a terceira colocação. O baile de bola aplicado pelo trio formado por Eden Hazard, Kevin de Bruyne e Romelu Lukaku, especialmente na primeira etapa da partida, deveria ter implicado em uma mudança considerável de curso pela Seleção visando 2022, mas não é isso que temos visto até aqui, metade do chamado 'ciclo' entre Copas.
Da queda no Mundial da Rússia até aqui, tivemos pouco a observar da Seleção Brasileira, que não entra em campo oficialmente desde novembro de 2019. A única competição 'à vera' disputada pela Canarinho neste meio-tempo foi a Copa América 2019, que apesar de ter sido conquistada por Tite e seus comandados, deixou um sabor 'agridoce' aos torcedores brasileiros: o nível de atuações não convenceu e, coletivamente, pouco se viu se progresso em relação à Copa do ano anterior. O fato do lateral-direito Daniel Alves ter sido a grande estrela e a grande referência técnica da equipe no torneio é sintomático: a Seleção mostra dependência do brilho individual de seus veteranos, o que vem travando um processo de renovação que deveria ser bem mais profundo do que vemos até aqui.
Ao mesmo tempo em que a comissão técnica ainda demonstra grandes dificuldades de se desvencilhar de certas convicções e 'amarras do passado' - Renan Lodi, Gerson, Bruno Guimarães, Matheus Henrique e outros jovens estão pedindo passagem, mas seguem preteridos por veteranos em reta final de carreira - , algumas novidades também ainda não se provaram vestindo a camisa verde e amarela, como o jovem Arthur. Roberto Firmino, apesar de ser um dos jogadores mais brilhantes tecnicamente e taticamente do futebol europeu hoje, também não rende o mesmo quando representa a Seleção. Utilizado em uma função distinta em comparação à estrutura de jogo está habituado no Liverpool, o camisa 9 perde suas principais potencialidades na Canarinho. Dos jovens valores, a grata surpresa fica a cargo de Richarlison, que vem amadurecendo demais seu futebol e aprimorando os pontos fracos de seu jogo, com a tomada de decisão e finalização ao gol.
Com uma renovação superficial, pouquíssima evolução coletiva e amistosos de qualidade técnica duvidosa - Peru, Nigéria, Senegal e Coréia do Sul foram alguns dos adversários do Brasil no pós-Copa América -, a nossa Seleção segue levantando mais dúvidas do que certezas, restando apenas dois anos para a Copa do Mundo de 2022. As Eliminatórias para o Mundial do Catar já batem à porta: adiadas em virtude da pandemia de coronavírus, terão seu início no mês de setembro. Implacável, o tempo voou e, mais uma vez, escancarou a dificuldade do futebol brasileiro em se reinventar.