Efeitos da pressão? Novo decreto contraria palavras do governador e permite treinos de Grêmio e Inter
Por Fabio Utz
Vamos à cronologia dos fatos. No sábado à noite, ao explicar o modelo de distanciamento controlado, que o Rio Grande do Sul passaria a adotar no combate ao coronavírus, o governador Eduardo Leite foi claro: os treinos da dupla Gre-Nal ficariam proibidos por conta do panorama em que Porto Alegre estaria inserido (a chamada bandeira laranja). Chegou o domingo e Grêmio e Internacional cancelaram os treinos previstos para esta segunda-feira.
Pois, no início da madrugada, ao publicar o decreto implementando as novas práticas estaduais, veio a surpresa: clubes esportivos podem operar desde que com 25% de sua capacidade e seguindo alguns protocolos específicos. O que mudou de sábado para domingo? A administração estadual teria cedido à pressão de tricolores e colorados? Enfim...essas questões são bastante delicadas de se tratar. Obviamente, os clubes não passariam por cima das autoridades governamentais, mas as falas de dirigentes nos últimos dias foram bastante fortes. Nas internas de Inter e Grêmio se tem a convicção de que a situação financeira atingirá o nível máximo de caos caso o futebol não volte até agosto. E isso se tornou público de sexta-feira para cá.
Ninguém está brincando com a saúde de atletas e também da população. Aliás, todas as partes envolvidas na tentativa de conter a doença em território gaúcho estão agindo de forma serena e baseadas em uma realidade que se impõe. Mas ficou, no mínimo, estranho essa discrepância de informações. É preciso, claro, confiar nas autoridades sanitárias, porém fica a lição para que, da próxima vez, não se dê espaço para se pensar que uma ação política da dupla Gre-Nal surtiu efeito.
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