Dois jogadores de time da terceira divisão espanhola são presos por suposto envolvimento com manipulação de jogos
Por Fabio Utz
Não é só no Brasil que se investigam possíveis manipulações de jogos de futebol. A polícia de Cádiz, na Espanha, desmantelou uma organização criminosa que tinha como objetivo fraudar casas de apostas esportivas. Quatro pessoas já foram detidas, entre elas dois jogadores do Conil C.F., segundo informa o El Confidencial. Além disso, são 34 investigados, dos quais seis são atletas profissionais atuantes na terceira divisão.
Durante as buscas, foram localizados quase 17 mil euros em espécie, várias contas de criptomoedas, documentação relativa a apostas, grande quantidade de celulares e material de informática. Se suspeita que a organização teria obtido ganhos superiores a 1 milhão de euros. Sem contar que mais de 30 mil pessoas de boa fé teriam sido afetadas.
A operação começou em fevereiro do ano passado, quando se soube, por meio da diretoria do Conil, que o time vinha de uma segunda metade de temporada inconsistente na comparação com o período anterior. Os dirigentes observaram que alguns jogadores não agiam com o profissionalismo que as partidas exigiam, suspeitando que estivessem envolvidos com apostas esportivas. A partir de então, órgãos regulamentadores entraram em ação para analisar todas as apostas (mais de 100 mil) relacionadas ao Conil na temporada 2021/2022.
O primeiro ponto que chamou a atenção dos investigadores foi o aumento desproporcional das apostas feitas em compromissos do time na segunda metade da temporada, afora o acréscimo de valor das mesmas. Enquanto as apostas em outras equipes variavam entre 1 e 50 euros, as relacionadas com o Conil chegavam, na maioria das vezes, aos 300 euros - limite que as casas de apostas permitem aos times da terceira divisão. Para tentar esconder as suas atividades, os fraudadores camuflavam as apostas 'suculentas' entre outras apostas previsíveis e sem qualquer risco para os jogos da primeira divisão. Outro método foi a utilização das chamadas ‘mulas de dinheiro’, ou seja, pessoas que emprestavam sua identidade como apostadores para que a organização multiplicasse seus ganhos, ora em troca de uma porcentagem dos benefícios, ora em troca de informações privilegiadas para fazer suas próprias apostas.
Erros nada comuns de jogadores ficaram nítidos, e se verificou que um goleiro e um defensor eram suspeitos de fraudar situações de jogo para garantir os benefícios aos apostadores. Não se descarta, no entanto, que outros integrantes do plantel possam estar relacionados com a máfia.