Cruzeiro cedeu direitos de criança de 12 anos a conselheiro
O Cruzeiro, presidido em 2019 por Itair Machado, cedeu 15% dos direitos econômicos do atleta Estêvão Willian, na época com 12 anos, à Estrela Sports Ltda, do conselheiro Fernando Ribeiro de Morais. Segundo reportagem do Uol Esportes, em 2018 Itair cedeu 20% dos direitos do jogador da base da Raposa ao empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, no entanto com a repartição feita a Fernando, a venda feita em 2018 foi desfeita.
O clube mineiro detém ainda 70% dos direitos econômicos, e a família do atleta segue com outros 15%. O contrato tem assinaturas do empresário Fernando Ribeiro de Morais, de Itair Machado de Souza, do próprio garoto e de seus pais - Ivo Gonçalves e Hetiene Almeida de Oliveira Gonçalves.
Segundo o contrato, “o ATLETA (Estêvão Willian) é integrante das categorias de base do CRUZEIRO, ali havendo iniciado suas atividades por meio da atuação do PARCEIRO (Estrela Sports Ltda)”. O mesmo documento explica que “em função da referida atuação do PARCEIRO, as partes passam a estabelecer um condomínio de direitos sobre o proveito econômico líquido, obtido em eventual transferência onerosa (cessão) dos direitos econômicos federativos do ATLETA, direitos estes que doravante se denominam direitos econômicos”. A cláusula primeira do contrato estabelece a divisão dos direitos econômicos a partir de junho de 2019.
Em reposta a reportagem do Uol Esporte, Fernando Ribeiro de Morais não viu ilegalidade no contrato.
"É um acordo de comissionamento futuro, se caso ele vier a se tornar um atleta profissional. É o único documento que poderia ser feito depois de eu ajudar a família por tantos anos. Eu ajudei pagando aluguel, ajudei de todas as maneiras que você me perguntar, mas nunca comprei passe de jogador nem nada. Eu fiz um acordo com o Cruzeiro, não fiz nada de ilegal. Eu só queria ter algo documentado com o clube. Se você colocar aí que me manifestei dessa maneira, é isso", disse.
E acrescentou, "Eu ajudei a família e terei um retorno, é diferente do que saiu na televisão que alguém comprou um percentual do 'passe' dele. Eu não comprei. Eu banquei a família e queria uma participação. Esse tipo de negociação, se ele vier a ser um atleta profissional e seguir no Cruzeiro, é uma coisa inclusive que podem manter ou não na atual direção. Eu não quis ficar só na palavra, porque gente que frequenta o clube sabe que eu o ajudei muito. Ele contou com o nosso auxílio".
O empresário disse ainda que vai procurar o atual presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, a fim de manter o contrato válido.
"Eu tenho esse documento que você [repórter] teve acesso. Eu vou procurar a diretoria do Cruzeiro para saber o que pode ser feito, explicar o que aconteceu. Provavelmente vou procurar e contar toda a história. Quem documentou isso foi o próprio jurídico do Cruzeiro. Eu vou procurar a diretoria e perguntar o que pode ser feito”, comentou.
A Fifa impede que terceiros sejam detentores de direitos econômicos de atletas desde maio de 2015. O acordo foi assinado em 1º de junho de 2019.