Corte de salários, renegociação com patrocinadores...diretor detalha ações do Corinthians em meio à pandemia

Lucas Uebel/Getty Images
facebooktwitterreddit

O Corinthians, antes mesmo da paralisação do calendário do futebol em função da pandemia de coronavírus, já passava por turbulências financeiras. E esta situação só se agravou com a crise que se instaurou no futebol mundial. Sem bola rolando, as receitas rarearam, mas os compromissos seguiram.

"funcionário do clube muitas vezes entra lá e fica a vida toda, até se aposentar. O jogador tem a vida mais curta. A gente não quer prejudicar ninguém, estamos procurando fazer o que era possível"

Matias Romano Ávila


Por isso, o clube precisou reformular sua folha de pagamentos, negociar contratos, conversar com patrocinadores etc. Em entrevista ao Globoesporte.com, o diretor financeiro do clube, Marias Romano Ávila, detalhou cada passo que foi dado no sentido de garantir a sustentabilidade na instituição neste período. Abaixo, o 90min reproduz alguns dos principais trechos, que dão a real dimensão do problema.

1. Corte de salários e empregos

Alexandre Schneider/Getty Images

"O Corinthians fez a opção de preservar emprego, está aplicando as leis que foram anunciadas para não precisar demitir. Está aplicando a lei (reduzindo o salário dos funcionários que ganham de R$ 3 mil para cima) em 70% para quem não está trabalhando e 50% para quem está trabalhando. E para os jogadores (feminino, base e profissional) fizemos 25% de corte. Demoramos um pouco para anunciar isso, mas foi no sentido de ter uma medida única."

2. Diferença entre funcionários e jogadores

Miguel Schincariol/Getty Images

"As legislações são diferentes. Em princípio, a legislação dos funcionários do clube é normal, como de uma empresa qualquer. E a legislação do jogador é uma legislação específica. Estamos fazendo o que podemos fazer. Por isso é diferente, só isso. O jogador tem um regime diferente. Apesar de ser CLT, ele tem direito de imagem, todo um outro ganho diferente. É praticamente um acordo, enquanto com os funcionários é um acordo coletivo."

3. Relação com patrocinadores – cinco deles suspenderam o pagamento?

Miguel Schincariol/Getty Images

"Não é que suspenderam, muitos deles adiaram. Com alguns houve uma renegociação. Está tudo encaminhado, todos eles querem continuar no Corinthians, que é o mais importante. Todo mundo sabe como entramos na crise, como vai terminar ninguém sabe."

4. Dinheiro de Pedrinho – com o euro mais valorizado, o Corinthians vai receber mais

Alexandre Schneider/Getty Images

"Estamos negociando para fazer um adiantamento. O contrato está assinado, queremos que o dinheiro chegue para que a gente faça uma transição mais tranquila. Isso independe do Benfica."

5. Fiel Torcedor

Miguel Schincariol/Getty Images

"No primeiro momento tivemos queda em torno de 8% (de arrecadação), chegamos a 75 mil (sócios), depois parou de cair. Mas a gente não sabe quanto tempo vai durar."

6. Dívida total

NORBERTO DUARTE/Getty Images

"O Corinthians deve hoje R$ 660 milhões. E tem uma (dívida) de longo prazo de R$ 270 milhões mais ou menos. O número não é absolutamente correto, mas é em torno disso. Isso é absolutamente viável diante da arrecadação que o Corinthians tem. É uma situação solúvel. Com a arrecadação que tem, consegue cumprir com seus compromissos."