Corinthians é o grande derrotado da queda de braço entre Vítor Pereira e Róger Guedes

Camisa 9 acumula duas partidas na reserva
Camisa 9 acumula duas partidas na reserva / Wagner Meier/GettyImages
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Reserva pela segunda partida consecutiva, Róger Guedes esteve entre os personagens centrais do Majestoso deste domingo (22) sem nem entrar em campo. Depois de um primeiro tempo ofensivamente apático do Corinthians, a Fiel, que raramente clama por alguém, bradou o nome do camisa 9. A mensagem parecia clara, mas não tanto quanto a de Vítor Pereira.

Em coletiva após o empate em 1 a 1 com o São Paulo, o técnico luso provou mais uma vez não ser fã das meias palavras ao explicar o motivo do atacante não ter entrado. "O Róger, que já teve momento bom, fez gols, hoje é um jogador que está com alguma dificuldade de responder mesmo em termos de treino, em termos de lutar para dar a volta".

Vítor Pereira Corinthians São Paulo Róger Guedes
Treinador manteve o camisa 9 no banco / Ricardo Moreira/GettyImages

"Tomara eu que ele me transmitisse a confiança para contar com ele para alterar um jogo ou começar uma partida. Mas eu não estou sentindo esta confiança. Isto não quer dizer que ele não queira, não estou dizendo isso. Mas nem em termos de treino, nem em termos de jogo, as indicações são essas", completou.

Guedes esteve em campo pela última vez no empate em 2 a 2 com o Internacional, pela sexta rodada do Brasileirão. À época, o camisa 9 foi escalado como centroavante mas, sem conseguir ser efetivo, acabou sendo substituído. Aliás, a posição do ponta de ofício segue sendo foco de debate. Sobre isso, Vítor Pereira também é categórico: as necessidades do grupo vêm em primeiro lugar.

"Se me perguntar, eu queria treinar o Liverpool, com todo respeito que tenho ao Corinthians. Aqui não é o que queremos, no meu conceito, em termos de jogo, não é o que queremos, é o que a equipe precisa. Às vezes a equipe precisa do Róger na esquerda, em outras é dele no meio, ou na direita", explicou.

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Guedes não costuma ir bem atuando como centroavante / Ricardo Moreira/GettyImages

"Não posso tomar decisões com base no nome do Róger Guedes ou do que ele já fez, mas do que ele está fazendo agora."

Vítor Pereira em coletiva

Para analisar a situação, é preciso primeiro se desprender de qualquer maniqueísmo. Certo e errado não vão tirar ninguém do lugar. Vítor Pereira não está errado em prezar pelo comprometimento. Mas, entre esforço e qualidade técnica, há um oceano de distância. Willian, por exemplo, fez uma partida para baixo de mediana. Valeu a pena tê-lo deixado em campo durante tanto tempo?

Mantuan sempre demonstra esforço, mas no Majestoso teve muito mais erros que acertos. Alguns equívocos, aliás, poderiam ter custado bem caro. Enquanto isso, o atacante que mais poderia desequilibrar estava no banco de reservas. Será que o treinador realmente pensou no coletivo? Nem sempre a raça vai ser tão determinante assim.

Guedes, por sua vez, até tem direito de não querer atuar improvisado sempre, afinal, querer se destacar é a mais eficiente das gestões de carreiras. Ele, contudo, não pode ter posturas tão diferentes quando não está na sua zona de conforto. Róger, preso demais no 'eu', talvez nem esteja percebendo o tamanho das oportunidades que estão passando.

Vítor Pereira e Róger Guedes, ambos certos e errados em suas convicções. Não na mesma medida, claro, isso depende de ponto de vista. De qualquer maneira, só há um grande derrotado: o Corinthians. É o clube que perde um atacante, vê uma aparente crise ser instaurada publicamente e a torcida se dividir em polos. Uma queda de braço sem propósitos.