Em carta aberta, Ronaldo explica valores de aporte no Cruzeiro
Por Matheus Nunes
Após a Mesa Diretora do Conselho do Cruzeiro quebrar cláusula de confidencialidade e revelar detalhes do acordo entre Ronaldo Fenômeno e o clube, o pentacampeão mundial resolveu explicar a situação envolvendo valores, por meio de uma carta aberta aos torcedores.
De acordo com a Mesa Diretora, o acordo não prevê algumas promessas que foram divulgadas em dezembro de 2021 com compra de 90% das ações Sociedade Anônima do Futebol, garantindo R$ 400 milhões ao longo dos próximos anos, além de assumir as dívidas do clube, que giram em torno de R$ 1 bilhão.
Segundo a carta divulgada pelo ex-jogador, onde também contém criticas pela nota emitida revelando detalhes do contrato, ele explicou que o valor de investimento inicial foi acordado em R$ 50 milhões. Outros R$ 350 milhões virão por investimento direto ou por incremento de receitas.
Ainda na carta, o empresário fala da possibilidade de transferir as Tocas I e II que pertencem a associação para a SAF. "Simplesmente para proteção de patrimônio do Cruzeiro diante de uma realidade que se revelou significativamente mais grave", explicou.
Confira a carta na íntegra:
"Diante da Nota Oficial emitida pela Mesa Diretora do Conselho Deliberativo do Cruzeiro Esporte Clube, assinada por Nagib Simões, Mauricio Silva, Marcus Lambertucci, Evandro Vassali, Alvimar Perrella, Bruno Lourenço, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Aquiles Diniz, Alexandre Azevedo, Pedro Lourenço e Régis Campos, que expõe parcialmente dados confidenciais e distorce a realidade dos termos firmados na proposta apresentada ao Cruzeiro Esporte Clube, esclarecemos os seguintes fatos:
O valor de investimento previsto na proposta de aquisição define um aporte inicial de R$ 50 milhões, além de um compromisso de investimento de mais R$ 350 milhões que pode ser feito através de incremento de receitas ou de aporte direto. Vale ressaltar que a opção de incremento de receita favorece diretamente a associação, uma vez que a lei das SAF obriga o repasse de 20% das receitas para quitação da dívida bilionária acumulada por anos de má gestão - fato esse que pode gerar mais R$70 milhões em receitas para a quitação da dívida e que parece ser ignorado pelos responsáveis pela Nota.
Vale ressaltar também que o pedido de inclusão das Tocas I e II na transação é simplesmente para proteção de patrimônio do Cruzeiro diante de uma realidade que se revelou significativamente mais grave do que aquela indicada nas informações inicialmente disponibilizadas e que foram utilizadas para a elaboração da proposta apresentada ao Cruzeiro. Hoje a Toca I, a sede do Barro Preto e parte de todas as receitas do futebol estão comprometidas em razão de dívidas tributárias de aproximadamente R$ 400 milhões, as quais não estavam previstas na negociação inicial. No curto prazo os imóveis podem ser leiloados e as receitas apropriadas por falta de pagamento.
A SAF se coloca como facilitadora não apenas para encontrar os meios de pagamento dessa dívida, como também para recolocar o futebol do Cruzeiro no seu lugar de protagonista do futebol brasileiro. Em contrapartida, o controle das Tocas pela SAF garante que o patrimônio do futebol não seja colocado mais uma vez em risco.
Por fim, acreditamos em trabalho silencioso, sem dar publicidade a pontos contratuais em respeito às cláusulas de confidencialidade que devem ser cumpridas. O Cruzeiro precisa de estabilidade para seguir o caminho da reconstrução. O Conselho do clube é soberano e acreditamos que o julgamento dos pleitos será feito de maneira coerente levando em consideração o melhor para o Cruzeiro.