As Datas-FIFA e o aumento no número de casos de Covid-19 no futebol mundial: o que dizem os especialistas?

Vários atletas foram diagnosticados com o novo coronavírus em suas seleções.
Vários atletas foram diagnosticados com o novo coronavírus em suas seleções. / RAUL ARBOLEDA/Getty Images
facebooktwitterreddit

A pandemia do novo coronavírus impactou seriamente na relação entre clubes e seleções. Agora, ao ceder um atleta para uma seleção, uma equipe se preocupa não só com lesões, desgaste e perda técnica e tática, mas também com uma possível contaminação de seu ativo pela Covid-19. E com razão. Nas últimas Datas-FIFA, por exemplo, vários jogadores foram diagnosticados com o vírus – Mohamed Salah, do Egito, Luis Suárez, do Uruguai, Brozovic, da Croácia, e muitos outros.  

"É um risco expor os atletas, trazê-los de diversos lugares do mundo para ficarem concentrados com maior risco de exposição. Além disso, tem o deslocamento por países. A questão da pandemia é diferente em cada lugar. É uma exposição considerável", explicou o advogado Luiz Marcondes, presidente do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo, ao 'Lei em Campo', do UOL Esporte.  

Segundo médico, Viña, do Palmeiras, foi o foco de contágio do novo coronavírus na Seleção do Uruguai.
Segundo médico, Viña, do Palmeiras, foi o foco de contágio do novo coronavírus na Seleção do Uruguai. / Pool/Getty Images

Além de Suárez, Rodrigo Muñoz e Matias Viña também testaram positivo para o novo coronavírus durante estada na Seleção do Uruguai. Segundo José Veloso, médico da delegação uruguaia, o foco de contágio do vírus seria justamente o lateral do Palmeiras – clube que enfrenta um surto interno do vírus. "Os exames realizados em Viña no sábado e no domingo, principalmente o último, foram uma confirmação de que o contágio ocorreu no Brasil e não na Colômbia, onde o Uruguai jogou na sexta-feira (13)", afirmou o profissional.

Além de Viña, que testou negativo para a Covid-19 na quarta-feira (11) e positivo no final de semana, outro atleta do Palmeiras também foi diagnosticado com o vírus durante período na seleção: Gabriel Menino, o qual foi cortado do Brasil de Tite. Segundo o clube paulista, todos os seus atletas estão assintomáticos.

Gabriel Menino, outro do Palmeiras, também testou positivo para a Covid-19.
Gabriel Menino, outro do Palmeiras, também testou positivo para a Covid-19. / Miguel Schincariol/Getty Images

Consultado pelo portal, o infectologista Paulo Olzon comentou sobre o tempo de incubação do vírus – do contágio aos primeiros sintomas – e falou que o processo pode variar entre 2 e 14 dias. "Boa parte se contamina em uma semana, mas não dá para garantir. O percentual de erro ou má interpretação é grande e proporcional ao tempo de incubação”, afirmou, falando ainda sobre a porcentagem de exames falsos-negativos, isto é, quando uma pessoa está infectada, mas não aparece, varia entre 20% e 40%.

"Se você estiver com a Covid e colher a amostra no primeiro ou segundo dia dá negativo. Mesmo com os sintomas. Só a partir do terceiro dia o resultado aparece com precisão", revela o doutor Paulo Olzon.

A FIFA segue organizando seu calendário.
A FIFA segue organizando seu calendário. / IVAN ALVARADO/Getty Images

Vale notar também que a FIFA e demais órgãos responsáveis recomendam que todos os atletas diagnosticados com o novo coronavírus sejam colocados em isolamento – independentemente do nível de carga viral. E que, mesmo que tenham testado positivo nas seleções, eles acabam perdendo jogos de suas equipes, como vai ser o caso de Luis Suárez.

"A FIFA criou o protocolo de partidas oficiais em meio a pandemia. Medidas preventivas para evitar a contaminação. Além disso, a entidade orienta os clubes a contratarem seguros para uma determinada enfermidade ou lesão dos atletas. Está no artigo 2, anexo 1, do Regulamento de Status e Transferências de jogadores. A FIFA tenta se livrar de uma eventual responsabilidade. Não sei se o Atlético de Madrid contratou o seguro. Mas é uma discussão interessante de ser trabalhada face o momento que nós estamos", propõe Luiz Marcondes.

E, diante disso, como expressa o Lei em Campo, surge um questionamento: “Até que ponto as competições devem seguir com tantos casos e uma segunda onda da pandemia?”.