Após conseguir deixar a Ucrânia, Marcos Antônio revela frustração com o Shakhtar: 'Esperava que ajudassem'

O Shakhtar Donetsk fazia intertemporada na Turquia quando as notícias de uma possível invasão russa à Ucrânia começaram a surgir. Preocupados, os jogadores se reuniram com os mandatários do clube para saber o que seria feito, e os dirigentes optaram a voltar para Kiev.

Em entrevista ao Globo Esporte, o volante do Shakhtar Marcos Antônio falou sobre seu sentimento de frustração e decepção com a atitude do clube diante de um risco eminente. "Tivemos a reunião, falamos com eles, perguntamos como ficaria a situação se acontecesse, se havia um plano B. Se a gente ia voltar ou não. Eles passaram a maior segurança, de que nada ia acontecer, que podíamos ficar tranquilos, que tinham a informação de que nada ia acontecer. Acabamos voltando e dias depois aconteceu. Aí acabamos ficando presos lá alguns dias", disse o atleta.

Após a chegada no pais ucraniano, não demorou muito para que os ataques acontecessem. Os jogadores brasileiros ficaram confinados em um hotel, na incerteza se conseguiriam ir embora ou não. "Foi muito complicado. No primeiro dia parecia normal, estávamos lá conseguindo comer normal, não estava aquela tensão muito grande. Depois desse dia, as coisas começaram a piorar. Tivemos que descer para o bunker e ficamos lá todos juntos. Ali tinha a alimentação que tinha no hotel, mas com o passar dos dias foi piorando tudo. A alimentação foi acabando, não ia aguentar muito tempo", explica Marcos os momentos de tensão confinado.

O volante também falou sobre o contato que teve com familiares no Brasil, e que as conversas eram em tom de despedida, já que não sabia o que iria acontecer. "Ali a gente ficava muito tenso, muito ansioso. Não sabíamos o que iria acontecer. Ligávamos para casa e praticamente nos despedíamos das famílias. A gente não sabia o que aconteceria no dia seguinte. Foi triste, algo que não desejo a ninguém, passar por isso".

Marcos Antônio não sabe se retorna à Ucrânia, devido aos conflitos. Em relação ao seu futuro, ele disse que está nas mãos do seu clube e de empresários. "É uma coisa que tem que conversar, chegar a um acordo bom para o clube e para nós, jogadores. Nossos empresários vão conversar com eles no passar dos dias para poder ver alguma coisa e chegar a algum acordo".

O volante de 21 anos atua no Shakhtar há quatro temporadas. onde fez mais de 100 jogos e marcou oito gols. No futebol brasileiro, ele não chegou a jogar como profissional, mas passou pelas bases do Athletico-PR.