Ao abrir mão de convicções e desviar foco, Coudet pode cavar própria cova em caso de novo fracasso em Gre-Nal

Bruna Prado/Getty Images
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Existe uma máxima no Rio Grande do Sul: treinador que não ganha Gre-Nal não se sustenta por muito tempo em seu cargo. Pois em 2020 o maior clássico do Estado tem sido uma verdadeira pedra no sapato de Eduardo Coudet, comandante do Internacional. Boa parte da torcida já pede sua cabeça e, mesmo que o profissional tenha chegado ao clube para construir um novo projeto e mudar uma mentalidade de jogo, ele merece, no mínimo, um puxão de orelha.

Perder quatro Gre-Nais em cinco (o outro terminou com empate sem gols) e não balançar a rede uma vez sequer é algo que merece atenção. Coudet, após essa sequência de fracassos, já questionou o estado do gramado e a arbitragem, já falou que seu grupo é "curto". No entanto, ao que tudo indica, não olhou para seus próprios erros. Seu time, principalmente nos últimos dois duelos contra o Grêmio, entrou em campo de forma apática, sem ambição, posicionado atrás, com o intuito, claro, de não perder. E não é assim que se disputa uma partida de tamanha magnitude.

Pool/Getty Images

Este tipo de postura não condiz com o que o próprio treinador defende. Se ele afirma que prefere ganhar de 4 a 3 do que de 1 a 0, por qual razão retrancar o time com uma dupla de volantes que já mostrou não ter condições de formar um meio-campo consistente, capaz de ser coeso atrás e, ao mesmo tempo, chegar à frente com perigo? Isso já não deu certo lá atrás (Coudet até admitiu que não era o ideal), mas o profissional voltou a insistir na parceria Musto-Lindoso. Thiago Galhardo vinha dando certo como referência do setor ofensivo, mas foi deslocado para a entrada de Abel Hernández e caiu de produção. Na defesa, a convicção para a reserva de Rodrigo Moledo, pelo visto, não se sustenta com a sequência de resultados ruins.

Vejam bem. A derrota faz parte do futebol (obviamente, não em profusão). Só que o que mais incomoda é o fato de Coudet estar abrindo mão de suas ideias sem motivo para isso. Se o trabalho vinha em evolução, hoje ele decaiu. E a semana, que terminará com mais um Gre-Nal (no próximo sábado, pelo Campeonato Brasileiro), é sim, decisiva. Sustentá-lo em caso de novo fracasso e sem se notar alguma alteração de ânimo dentro das quatro linhas? Só se a direção agir contra tudo e contra todos.

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