Ainda há mercado para o zagueiro Dedé no futebol brasileiro?
É muito difícil falar sobre carreiras que penderam para a direção do fracasso. No futebol mundial, há vários casos destes jogadores que ascenderam, mas que acabaram caindo no anonimato prematuramente. Dedé é um nome sempre muito lembrado nas listas que envolvem casos dessa natureza. Aos 34 anos, o defensor acumulou mais um clube na carreira e mais uma saída: o Athletico-PR decidiu rescindir com o jogador antes mesmo do jogo contra o Atlético-MG, no Mineirão, na última rodada disputada do Campeonato Brasileiro.
Dedé chegou ao Furacão sob contrato de produtividade, depois de passagem ruim pela Ponte Preta, com vínculo até o final deste ano. Cerca de 5 meses depois, porém, o zagueiro assinou a quebra do vínculo com o Rubro-Negro depois de decisão tomada no CT do Caju pela diretoria. E, assim, mais uma vez se esvai a ideia de retomar o alto nível na carreira, o qual o fez chamar atenção nos tempos de Vasco da Gama, em 2011. A única garantia que existe é que a decisão não foi motivada por qualquer episódio de indisciplina.
Com a camisa do clube da Arena da Baixada, o defensor de 34 anos atuou apenas uma vez, a saber, em jogo contra o Tocantinópolis, válido pela Copa do Brasil. Apesar de ter sido relacionado em outros jogos, ele acabou não ganhando oportunidades por parte de Luiz Felipe Scolari, o que culminou na decisão em favor da saída. Mais um fim de ciclo.
Dedé e o declínio na carreira ao longo dos anos
De fato, as lesões foram o principal desafio do zagueiro ao longo de sua carreira como jogador de futebol: Joguei com o joelho quebrado, disse o zagueiro em entrevista ao podcast Flow Sport Club. Para se ter uma ideia, Dedé chegou a passar um ano no Departamento Médico nos tempos de Cruzeiro, ficando de fora por cerca de 1.500 dias, somando as vezes que se machucou como jogador da Celeste. Apesar das oportunidades que surgiram, sobretudo com a ascensão vestindo a camisa do Cruzmaltino, Dedé foi sondado por várias equipes, incluindo o Corinthians, mas a queda de rendimento o distanciou das oportunidades que poderiam ter vindo depois de sua passagem por São Januário.
Outro fator determinante para o declínio do jogador foram as falhas cometidas dentro de campo. No Cruzeiro, por exemplo, ele esteve envolvido em ambos os gols marcados pelo San Lorenzo (Argentina) nas quartas de final da Libertadores de 2014, que acabou resultando na eliminação da Raposa da competição. Isso sem falar que, em 2013, o zagueiro esteve envolvido na eliminação do Cruzeiro nas oitavas de final da Copa do Brasil, uma que ele foi responsável pelo gol do Flamengo no jogo de ida, em Belo Horizonte, que acabo com vitória do Cruzeiro pelo placar de 2 a 1 - com o 1 a 0 na volta, o Rubro-Negro eliminou os mineiros da competição nacional.
Qual a solução para Dedé? Partir rumo à Série B?
A verdade é que é bastante difícil de apontar qual o segredo para o retorno do sucesso da carreira do zagueiro Dedé. Estaria na ida para um time de menos expressão, uns dizem. Isso acontece, sobretudo, porque, apesar de ter ido parar em clubes como Cruzeiro e Athletico-PR, o jogador acabou arriscando outras realidades, como recentemente em sua passagem pela Ponte Preta.
Acontece, porém, que isso não acabou se revelando como a grande solução de que precisa o defensor para vislumbrar novamente grandes momentos de brilho na carreira. O episódio crucial do zagueiro vestindo a camisa do time de Campinas acabou sendo um erro na derrota da Ponte para o Água Santa, no Paulistão deste ano, pelo placar de 1 a 0: "Um dos piores dias da minha vida".
Nesse sentido, projetar o futuro da carreira de Dedé, depois de toda a jornada percorrida pelo zagueiro, é uma tarefa bastante difícil. O fato de o jogador sempre ter sofrido com lesões acaba inviabilizando e freando o desejo de muitos clubes em contratá-lo, sobretudo pelo fato de o futebol estar cada vez mais físico. À parte disso, as falhas acumuladas, como destaque aqui, acabam criando uma sensação de insegurança, fazendo com que muitos clubes e técnicos acabam não depositando a confiança no jogador.
De qualquer forma, apesar da idade, o defensor poderia vir a ser útil em algumas equipes da Série B do Campeonato Brasileiro, sobretudo aquelas que não possuem muitas pretensões para além de tentar sobreviver na Segunda Divisão do futebol brasileiro. No mais, o mais justo a se fazer é dar tempo para Dedé se adaptar ao clube, ao estilo de trabalho do treinador vigente e, sobretudo, se dar tempo para ele possa retomar o ritmo que já o credenciou como um dos melhores zagueiros do futebol brasileiro no início da década passada.